Os auditores fiscais federais agropecuários irão votar, nos próximos dias, em assembleia geral, a possibilidade de decretar “estado de mobilização”, um passo que pode culminar em paralisação ou greve. A insatisfação da categoria se deve a uma proposta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que sugere mudanças na estrutura das superintendências regionais. Segundo os auditores, essas alterações podem abrir espaço para nomeações políticas em cargos de chefia, colocando em risco a imparcialidade de fiscalizações em frigoríficos e outras atividades essenciais.

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) pretende formalizar uma denúncia junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria-Geral da União (CGU), argumentando que a reestruturação comprometerá o sistema de inspeção federal. A preocupação remete a episódios como a Operação Carne Fraca, de 2017, que expôs esquemas de corrupção envolvendo a liberação de carnes adulteradas.

Atualmente, o Brasil conta com 27 superintendências regionais de defesa agropecuária, uma em cada estado, sendo que muitos cargos de chefia são ocupados por indicação política, e não por servidores de carreira. Serviços críticos, como o Vigiagro (Vigilância Agropecuária Internacional) e a inspeção de produtos de origem animal, respondem diretamente à Secretaria de Defesa Agropecuária em Brasília. No entanto, o Mapa propõe subordinar essas fiscalizações às superintendências regionais, o que, segundo os auditores, pode fragilizar o sistema e comprometer a qualidade das inspeções.