14/11/2024 às 17:31
Banco do Brasil aumenta provisões para crédito rural e enfrenta alta de inadimplência em segmento agro
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A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirmou que, apesar da piora na inadimplência no segmento agropecuário, o problema não é generalizado. Após os resultados do terceiro trimestre mostrarem um aumento significativo nas provisões, a executiva esclareceu que a maior parte do impacto foi registrado na cultura de soja, especialmente na região Centro-Oeste. Medeiros enfatizou que "não existe crise no agronegócio brasileiro", destacando que o aumento de pedidos de recuperação judicial por produtores rurais ainda representa uma pequena parcela da carteira do banco, mas gera efeitos negativos na cadeia de crédito rural.O vice-presidente de Gestão Financeira, Marco Tobias, alertou para o impacto da "advocacia predatória" que, segundo ele, leva produtores a considerar a recuperação judicial (RJ), o que acaba “esterilizando” seu acesso ao crédito. A atuação do BB na orientação e negociação com produtores já gerou resultados, com estabilidade na quantidade de clientes que buscaram recuperação judicial no último mês.No terceiro trimestre, o índice de inadimplência acima de 90 dias no agro subiu para 1,97%, contra 0,71% no mesmo período do ano anterior. Isso levou o Banco do Brasil a revisar sua estimativa de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) para 2024, elevando-a para um intervalo entre R$ 34 bilhões e R$ 37 bilhões. Com isso, o total provisionado até o momento acumulou R$ 26,4 bilhões em nove meses.Tarciana Medeiros mencionou que o banco está implementando um mapeamento detalhado, aplicando inteligência analítica e adotando uma análise individualizada para ajustar o fluxo de caixa de alguns produtores, com foco na regularização do crédito. Felipe Prince, vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, destacou que a carteira de crédito rural possui mais de 95% de garantia vinculada, o que aumenta a capacidade de recuperação do banco.No âmbito do Plano Safra 2024/2025, o BB já desembolsou R$ 97 bilhões até o início de novembro. A previsão é alcançar R$ 260 bilhões até o final do ciclo, o maior montante já financiado pelo banco para o setor.Apesar dos esforços, as ações do Banco do Brasil caíram cerca de 3% na bolsa de São Paulo nesta quinta-feira, contrariando o índice Ibovespa, que subia 0,3%. Segundo o Goldman Sachs, o volume elevado de provisões superou as expectativas do mercado, refletindo o impacto das variações de preços das commodities, dos custos de produção e dos eventos climáticos, que afetaram especialmente os produtores de soja no Centro-Oeste.Para 2024, o BB projeta um lucro líquido ajustado entre R$ 37 bilhões e R$ 40 bilhões. A expectativa é de que o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) do banco permaneça próximo a 20%.
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