Em agosto, o preço médio do leite cru captado por laticínios anotou a quarta queda mensal consecutiva, ao recuar 6,8% ante julho, a R$  2,25/litro na “Média Brasil” líquida, mostram dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.

Esse valor é 29,4% menor que o registrado no mesmo período de 2022, em termos reais. Com o resultado, o preço do leite acumula queda real de 13,6% desde o início de 2023 – os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto.

"O aumento da disponibilidade interna de lácteos é o que explica a continuação do movimento de desvalorização do leite ao produtor em agosto. A maior oferta, por sua vez, se deve ao aumento da captação, às importações ainda elevadas e ao consumo muito sensível ao preço", desataca o Cepea.



ICAP-L

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea subiu 3,2% de julho para agosto, sustentado pela retração nos custos neste ano frente aos elevados patamares de 2022. Entretanto, é importante salientar que, ao contrário dos meses anteriores, os custos de produção não caíram em agosto.

A pesquisa do Cepea mostra leve alta de 0,25% no Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na “Média Brasil”, puxada pelas valorizações dos concentrados e dos adubos e corretivos.

Ademais, desde julho, a retração no preço do leite supera a desvalorização do milho, diminuindo, portanto, o poder de compra do pecuarista frente a esse importante insumo. "Esse cenário desperta preocupações para o setor, tendo em vista que a progressiva perda na margem do produtor pode diminuir os investimentos na atividade neste curto prazo", ressalta o Cepea.

O movimento de queda nos preços para os produtores está relacionado ao aumento das importações, que cresceram 6,1% de julho para agosto, totalizando 196 milhões de litros em equivalente leite. Os lácteos estrangeiros mais baratos estão pressionando os preços em toda a cadeia produtiva.

A pesquisa do Cepea revela que, em agosto, os preços médios do UHT, muçarela e leite em pó, negociados entre laticínios e canais de distribuição em São Paulo, diminuíram 5,27%, 2,97% e 2,85%, respectivamente, em relação a julho. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, os preços caíram quase 30% em termos reais.