05/09/2024 às 15:40
Combate ao desperdício: proposta incentiva doação de alimentos no Brasil
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Foi aprovado por unanimidade, nesta quarta-feira (4), pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, o relatório do senador Alan Rick (União-AC), integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), ao Projeto de Lei 2874/2019, que cria a Política Nacional de Combate à Perda e ao Desperdício de Alimentos (PNCPDA).O texto aprovado propõe um avanço significativo na luta contra o desperdício de alimentos no Brasil, ao criar regras que facilitem e incentivem doações de alimentos por supermercados e estabelecimentos similares, oferecendo mais segurança jurídica às empresas que desejam doar. O projeto prevê ainda a possibilidade de dedução de até 5% da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para as empresas que doarem alimentos aptos para o consumo, mas que seriam descartados por não atenderem aos padrões comerciais.Impacto e necessidade de segurança jurídicaNa defesa do projeto, o senador Alan Rick ressaltou a importância da proposta para o país, destacando o impacto gerado pelo desperdício de alimentos. “Estamos tratando de um tema de enorme relevância para o Brasil. Os dados oficiais que temos do Mapa da Fome, da FAO, indicam que o Brasil desperdiça R$ 1,3 bilhão por ano em alimentos aptos para o consumo. Não estamos falando de alimentos vencidos ou estragados, mas de produtos que poderiam alimentar milhões de brasileiros.”O senador destacou que grande parte das empresas brasileiras, especialmente no setor de distribuição e supermercados, prefere descartar alimentos ainda consumíveis devido à falta de um arcabouço jurídico que garanta segurança nas doações. “Não podemos obrigar as empresas a doarem alimentos, pois isso fere o princípio constitucional do direito de propriedade. Além disso, a insegurança jurídica em relação à qualidade dos alimentos doados desestimula as doações”, explicou.O relatório apresentado por Alan Rick busca solucionar essas questões, garantindo que as entidades receptoras dos alimentos doados tenham um profissional qualificado, como nutricionistas ou técnicos laboratoriais, para avaliar a qualidade dos produtos recebidos. Dessa forma, retira-se a responsabilidade do doador em caso de contaminação ou intoxicação alimentar.Incentivos fiscais e responsabilidade socialOutro ponto destacado pelo senador foi o incentivo fiscal proposto no projeto. Atualmente, as empresas podem abater até 2% do seu lucro líquido no Imposto de Renda pela doação de alimentos, mas muitas ainda optam por descartar esses produtos. Com a nova proposta, além de estimular a doação, pretende-se aumentar a arrecadação do governo ao evitar que alimentos aptos ao consumo sejam lançados como prejuízo nos balanços das empresas.O texto aprovado também acolheu emendas que ampliam o projeto, incluindo estabelecimentos industriais, agricultores familiares e cooperativas como potenciais doadores e recipientes de um selo de reconhecimento por suas contribuições à segurança alimentar.O projeto, que tem natureza terminativa na comissão, ainda não está totalmente finalizado. Devido à aprovação do relatório substitutivo, será necessária uma nova votação na CCJ, em turno suplementar.
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