30/09/2024 às 15:48
Crédito de carbono das usinas, lastreado em armazenamento de CO2 no solo, vale mais
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O valor de mercado dos créditos de carbono lastreados em CO2 armazenado no solo é maior do que créditos provenientes, por exemplo, do replantio de árvores. A explicação vem de um dos principais especialistas brasileiros em captura, transporte e armazenamento de CO2 no subsolo, ou CCS – captura e armazenamento de carbono, em inglês.Segundo o geólogo Milas Evangelista de Souza, ex-Petrobras, o tema tem forte potencial para a criação de renda adicional para usinas produtoras de etanol, a partir de uma nova modalidade de geração de créditos de carbono. Souza será um dos palestrantes do ‘Carbonless Summit’, evento marcado para os dias 04 e 05 de novembro na capital paulista que vai destacar as grandes oportunidades de negócios que a atividade de CCS traz para o setor sucroenergético.Com a participação de especialistas do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Europa e Arábia Saudita, o encontro vai examinar temas como a utilização de tecnologias amadurecidas pelo setor de petróleo para viabilizar o armazenamento de carbono e com isso, aumentar ainda mais a redução de emissões atingida pelo uso do etanol.Segundo o especialista, o crédito de carbono oriundo da atividade de CCS na produção de bioenergia, como é o caso das usinas de etanol, tem maior valor financeiro por dois motivos: primeiro porque é considerado um crédito de remoção de CO2 da atmosfera e não de redução de emissões; e segundo, porque é capturado, transportado e armazenado de forma segura e permanente, por tempo indeterminado, com baixo risco de seu retorno à atmosfera – diferentemente do reflorestamento, que é suscetível ao desmatamento e às queimadas, que podem liberar novamente o CO2 para a atmosfera.“Por isso, ao ‘confiar’ mais na eficácia, na entrega ambiental do crédito de carbono de CCS, que ficará estocado eternamente em reservatórios geológicos, o mercado majora seu preço,” explica Souza.A operação de CCS passa por tecnologias desenvolvidas e aperfeiçoadas na extração de petróleo. Os mesmos equipamentos que injetam carbono para auxiliar o bombeamento do petróleo agora estão prontos para ampliar a sustentabilidade do setor sucroenergético, em particular do etanol, abrindo caminho para uma pegada negativa de carbono de um segmento que hoje já reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa.Everton Oliveira, um dos organizadores do evento e presidente da Hidroplan, acentua a grande oportunidade que surge na cadeia produtiva do setor sucroenergético, já que o carbono gerado na fabricação de etanol está praticamente pronto para ser estocado, devido ao seu elevado grau de concentração – diferentemente de outros setores em que o CO2 precisa ser separado de outros gases.“As mais de 360 usinas que produzem etanol no Brasil têm a oportunidade de fazer do País o líder global nesse mercado, abrindo as portas para o acesso aos créditos de carbono e criando mais uma fonte de receita para as usinas”, explica Oliveira.A atividade de CCS no setor de etanol pode resultar em ganhos financeiros para as usinas tanto por meio da geração e comercialização de créditos de carbono como também pela certificação do biocombustível como “zero emissor” ou “emissor negativo”. Isso permite que o etanol seja monetizado com ágio em mercados internacionais que valorizam este atributo.“Neste sentido, o Projeto de Lei do Combustível do Futuro chega para estabelecer o marco-regulatório de CCS no país, determinando as diretrizes gerais para a atividade. A nova lei vai dar o arranque definitivo do tema no Brasil, destravando projetos já engatilhados, que avançam agora para a fase de real implantação", destaca a diretora da CCS Brasil, Isabella Morbach, entidade que participou das discussões técnicas para elaboração da legislação, e que juntamente com a Hidroplan organiza o encontro.Potencial em númerosO Brasil tem potencial de captura de carbono em torno de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, considerando nosso nível atual de atividade econômica. Neste sentido, o mercado brasileiro de CCS tem perspectiva de movimentar entre R$ 14 a R$ 20 bilhões anuais, com participação significativa do setor da cana, indicam estimativas da CCS Brasil.Já o mercado mundial de CCS tem potencial para movimentar US$ 3,54 bilhões em 2024, com estimativa de atingir US$ 14,51 bilhões em 2032. A projeção é de Mohammed Gad, CEO e fundador da consultoria saudita Technical Development Solutions (TDS), sediada em Riade, capital da Arábia Saudita, especializada no segmento de CCS. Gad também será palestrante no Carbonless Summit.SERVIÇO:Carbonless SummitDias 04 e 05 de novembro de 2024Auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP)Avenida Angélica, 2364 – São Paulo, SPDETALHES E INSCRIÇÕES:https://carbonless.org.br/
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