07/05/2024 às 14:18
Documento mapeia expansão da bioeconomia em países do G20 e sugere áreas de cooperação
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Relatório técnico “A Bioeconomia Global” avalia como as principais economias do planeta organizam e implementam a bioeconomia em seus territórios, a fim de mapear o potencial do setor e estimular o debate internacional. Estudo foi desenvolvido pela Nature Finance em parceria com IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em antecipação à reunião oficial da Iniciativa de Bioeconomia do G20.A bioeconomia abrange uma variedade de setores da economia que fazem uso sustentável de recursos naturais, incluindo áreas da agricultura, pesca, silvicultura, bem como a produção de alimentos, medicamentos e bioenergia. No seu relatório anual, o Fórum Mundial de Bioeconomia estima o valor total da bioeconomia mundial em US$ 4 trilhões, podendo chegar a US$ 30 trilhões, cerca de um terço da economia global, até 2050.Países do G20 são responsáveis por cerca de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa e 80% da economia global. Apesar disso, os membros estão alinhados nas áreas de biotecnologia, uso sustentável da biodiversidade e desenvolvimento sustentável, embora adotem termos diferentes para descrever cada área.Dessa forma, segundo o relatório, ampliar as iniciativas internacionais e os investimentos em áreas da bioeconomia poderia frear grande parte das emissões globais, ao mesmo tempo que garantiria prosperidade econômica e crescimento sustentável às principais economias do planeta.“Fazemos um apelo para o G20 para que a bioeconomia se torne de fato um instrumento de mudança do paradigma de desenvolvimento econômico atual. Nossa base hoje é uma economia exploratória, com crescimento indefinido da exploração e com pouca distribuição de renda sobretudo para os mais necessitados”, aponta Patrícia Pinho, diretora adjunta de Pesquisa do IPAM.Na presidência do G20 até novembro de 2024, o Governo brasileiro deu sinalizações positivas à bioeconomia, que encontra campo fértil na Amazônia e outros biomas do País. Assim, a pesquisa pretende apoiar discussões em torno do tema, reforçando a importância da cooperação internacional e o potencial da área na desaceleração do desmatamento e no desenvolvimento econômico sustentável no sul global.“O potencial do Brasil na bioeconomia é incrível. Temos, somente na Amazônia, mais de 700 produtos de sociobiodiversidade identificados, dentre eles o açaí, a castanha, a andiroba e o próprio cacau. O que a gente precisa é ter modelos que sejam compatíveis com a sustentabilidade, geração de renda e equidade para que o conhecimento tradicional que gerou esses produtos seja preservado e para que a gente não caia na mesma lógica de modelos insustentáveis”, destaca Patrícia.:: Mudança de paradigmasSegundo o estudo, é fundamental que a bioeconomia seja inserida nos debates do G20, assim como outras cúpulas internacionais, tendo em vista que o modelo envolve a implementação de novas abordagens de financiamento. Segundo o documento, o debate deve reconduzir a organização financeira global, que tende a não levar em conta modelos equitativos e positivos para a natureza.“Temos que destacar o compromisso com o desmatamento zero. Nenhuma cadeia dessa biodiversidade pode conter nenhum traço de desmatamento. Também precisamos diversificar nossos modos de produção, distanciado a produção da lógica das commodities e atrelar a produção sustentável à lógica de cada paisagem. Se a gente atrelar a bioeconomia a princípios de inclusão, participação e distribuição e incluí-la nos processos de financiamento, ela se torna também um modelo que pode colaborar com a justiça climática”, conclui Patrícia
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