28/09/2023 às 13:05
El Niño pode impactar plantio da safra de soja
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O plantio da safra de soja para o ciclo 2023/24, que tradicionalmente ocorre entre setembro e outubro, pode ser impactado pelo fenômeno climático El Niño, alertam especialistas. O El Niño, que é marcado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacifico na altura da costa do Peru, tem projeção de intensidade de moderada a forte para este final de 2023 até início de 2024.De acordo com a cientista Emily Becker da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA), as chances deste evento se configurar em um super El Niño são de 56% e a estimativa é de que seja um fenômeno curto com maior intensidade até fevereiro do ano que vem. Dados da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) apontam que países como os EUA deverão ter ainda mais problemas do que o Brasil na safra de soja e milho de 2023/24, o que pode acarretar uma redução de produtividade entre 5 e 10%.O diferencial entre o El Niño e a La Niña é a mudança da temperatura provocada por esses fenômenos atmosféricos no oceano Pacífico. O Serviço Nacional de Meteorologia norte-americano (NOAA) classifica um episódio de El Niño quando a temperatura média da superfície do mar do Oceano Pacífico aumenta 0,5ºC, na parte equatorial, por três meses consecutivos. Já o La Niña corresponde aos efeitos contrários, há uma diminuição da temperatura das águas oceânicas, ocasionando consequências diversas.Segundo o professor da Esalq-USP, Fabio Marin, o El Niño comumente acarreta em fortes chuvas para a região Sul e clima seco para o Brasil Central. "Isso pode afetar, sobretudo a implantação das lavouras de soja precoce", diz o analista de clima e geoprocessamento da DATAGRO, Felipe Soares.Na avaliação de Lucas Manfrin, coordenador de nutrição e cana-de-açúcar na Brandt, empresa de inovação tecnológica focada em fisiologia vegetal e tecnologia da aplicação, o Brasil, pela sua dimensão continental, traz grandes variações no clima, com oscilações no Centro-Oeste, chuvas abundantes no Sul do país, altas temperaturas com chuvas intensas no Sudeste e regime de precipitação pluviométrica abaixo da média na região Norte e Nordeste. “O produtor precisa estar preparado e fazer um planejamento estratégico para que as diversas fases de cultivo da sua lavoura tenham os resultados esperados e não sejam comprometidas”, diz o executivo.Felipe Gustavo Pilau, professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas, da Esalq/USP, lembra que para o produtor rural, em especial, as questões meteorológicas são de suma importância. "A perspectiva climática irá ajudá-lo no planejamento da sua próxima safra. O agricultor da região sul, ao saber da tendência de chuvas, pode ficar mais seguro, já que teve frustrações nas últimas duas safras. Em contrapartida, é também um alerta aos produtores da região central do País, que devem enfrentar um pouco mais de estiagem e chuvas abaixo da média."
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