03/10/2024 às 09:00

Em franca expansão nos EUA, armazenamento de carbono é nova oportunidade de renda para usinas de etanol no Brasil

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Com projetos em operação inclusive em usinas de etanol, os Estados Unidos lideram os negócios globais envolvendo a captura e armazenamento de carbono no solo (CCS na sigla em inglês), tecnologia estimulada no Brasil pelo recém-aprovado Projeto de Lei do Combustível do Futuro. Um dos projetos é desenvolvido pela trading ADM no estado de Illinois desde 2011. É o que destacam dois especialistas de uma das principais consultorias focadas no tema, a Advanced Resources International.

Os executivos Andrew Duguid e Manoj Valluri estarão em São Paulo (SP) como palestrantes do Carbonless Summit, marcado para os dias 04 e 05 de novembro. Com a participação de especialistas do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Europa e Arábia Saudita, o encontro vai examinar temas como a utilização de tecnologias para viabilizar o armazenamento de carbono e com isso, aumentar ainda mais a redução de emissões atingida pelo uso do etanol.

De acordo com os especialistas, outro empreendimento de CCS de peso na indústria de etanol americana é o da Red Trail Energy no estado da Dakota do Norte. "Existem hoje mais de 50 novos projetos de CCS em análise para obtenção de licenças na Agência de Proteção Ambiental dos EUA, o que demonstra o potencial deste mercado", relatam Duguid e Valluri.

Do petróleo para o etanol

Curiosamente, a viabilização do processo de captura e armazenamento do carbono na produção de etanol passa pela utilização de tecnologias desenvolvidas e aperfeiçoadas na extração de petróleo. Os mesmos equipamentos que injetam carbono para auxiliar o bombeamento do petróleo agora estão prontos para aprimorar a sustentabilidade do biocombustível

O Brasil tem potencial de captura de carbono em torno de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, considerando o nível atual de atividade econômica do país. Neste sentido, o mercado brasileiro de captura e armazenamento de carbono no solo tem perspectiva de movimentar entre R$ 14 e R$ 20 bilhões anuais, com participação significativa do setor de etanol, indicam estimativas da CCS Brasil, uma das entidades organizadora do Carbonless Summit junto com a empresa Hidroplan. Já o mercado mundial de CCS deve movimentar US$ 3,54 bilhões em 2024, com estimativa de atingir US$ 14,51 bilhões em 2032.

O etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil já reduz em até 90% as emissões de gases que contribuem para as mudanças climáticas. Mas essa pegada de carbono pode ser ainda menor, chegando a ser negativa, com a captura e o armazenamento do CO2 gerado durante o processo de produção do biocombustível.

“As mais de 360 usinas que produzem etanol no Brasil têm a oportunidade de fazer do País o líder global nesse mercado, abrindo as portas para o acesso aos créditos de carbono e criando mais uma fonte de receita para as usinas”, explica o geólogo Everton Oliveira, presidente da Hidroplan.

A atividade de CCS no setor de etanol pode resultar em ganhos financeiros para as usinas tanto por meio da geração e comercialização de créditos de carbono como também pela certificação do biocombustível como “zero emissor” ou “emissor negativo”.

“Neste sentido, o Projeto de Lei do Combustível do Futuro chega para estabelecer o marco-regulatório de CCS no país, determinando as diretrizes gerais para a atividade. A nova lei vai dar o arranque definitivo do tema no Brasil, destravando projetos já engatilhados, que avançam agora para a fase de real implantação", destaca a diretora da CCS Brasil, Isabella Morbach, entidade que participou das discussões técnicas para elaboração da legislação.

Informações: https://carbonless.org.br/
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