19/02/2025 às 15:09
Embrapa cria tecnologia que preserva qualidade das frutas na pós-colheita
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Visando reduzir as perdas na pós-colheita, que chegam a alarmantes 80% em algumas espécies, a Embrapa Meio Ambiente (SP) lançou um dispositivo que permite acompanhar, em tempo real, como o calor se distribui dentro das frutas durante o tratamento hidrotérmico.Essa técnica é essencial para garantir a eficiência no controle de doenças após a colheita e preservar a qualidade das frutas, atendendo às exigências de mercados internacionais.Segundo o pesquisador Daniel Terao, criador do dispositivo, o tratamento térmico não só elimina microrganismos prejudiciais como também fortalece a defesa natural das frutas. “O calor provoca mudanças bioquímicas e físicas que protegem os frutos, como o fechamento de microferidas na camada de cera, evitando a entrada de fungos oportunistas”, explica.O novo dispositivo mede como o calor se distribui da superfície até a polpa das frutas, garantindo que a temperatura aplicada seja suficiente para eliminar patógenos sem causar danos à qualidade do produto.“Sem o monitoramento adequado, há o risco de a fruta sofrer danos qualitativos, como mudanças na textura e no sabor”, alerta Terao. A tecnologia também facilita o cumprimento de padrões internacionais de sanidade e qualidade, essenciais para manter o Brasil como um dos maiores exportadores de frutas do mundo.O Brasil, maior exportador global de suco de laranja e destaque na produção de frutas como manga, melão e mamão, enfrenta sérios problemas pós-colheita como o transporte inadequado, falta de refrigeração e tratamentos ineficazes.A pesquisa da Embrapa aponta o tratamento hidrotérmico como uma solução sustentável para o controle de doenças pós-colheita. Essa técnica utiliza aspersão de água quente sobre escovas rolantes para desinfestar as frutas e ativar seus mecanismos naturais de defesa.Com o aumento das restrições ao Limite Máximo de Resíduos (LMR) de defensivos em mercados internacionais, como União Europeia e Estados Unidos, o setor frutícola brasileiro busca alternativas menos químicas e mais sustentáveis.Além disso, os microrganismos que atacam frutas muitas vezes produzem micotoxinas, substâncias que tornam os alimentos impróprios para consumo humano. Frutas como mamão e melão, por serem mais suculentas, são especialmente vulneráveis a esses agentes.O pedido de patente do dispositivo foi depositado, marcando um passo importante para sua aplicação comercial. No entanto, desafios ainda precisam ser superados, como a adaptação da tecnologia para diferentes tipos de frutas e a integração com métodos biológicos de controle.Para isso a Embrapa procura um parceiro privado para finalizar o produto e levá-lo ao mercado. As empresas interessadas podem entrar em contato pelo e-mail: cnpma.spat@embrapa.br
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