A crise no Oriente Médio, sobretudo os ataques dos rebeldes houthis do Iêmen a navios no Mar Vermelho, está afetando as rotas marítimas internacionais, exercendo pressão sobre as taxas de frete das embarcações.

"O valor do frete marítimo disparou de dezembro para janeiro, conforme indicadores do segmento. É provável que os impactos de aumento de preço dos produtos de bens de consumo, com possível efeito na inflação sejam sentidos com maior expressão em fevereiro, pois o repasse de custo da cadeia de supply chain geralmente não é de imediato", afirma Larry Carvalho, advogado especializado em logística, direito marítimo e agronegócio.

Outra questão envolve o petróleo. Segundo Carvalho, a tensão na região, que também é grande produtora, pode mexer com os preços, deixando-os ainda mais voláteis. "Além disso, o Canal de Suez [Egito] é bastante utilizado por navios da Rússia para transportar petróleo e derivados para o mercado asiático. Portanto, é algo que deve impactar nas cotações internacionais."

De acordo com o especialista, o quadro traz riscos para as exportações brasileiras do agronegócio para a região, em particular para as carnes, em especial a de frango, e o fluxo comercial de açúcar em contêineres. "No mercado de granéis, o impacto não está sendo sentido de forma efetiva. A maior preocupação reside em cargas, que usualmente são transacionadas em contêineres passem a migrar para navios categoria 'handy'. Caso isso ocorra, esse movimento poderá elevar o custo do frete para granéis."