13/12/2024 às 17:00

ESPECIAL - Segurança alimentar no Brasil: avanços, desafios e o papel da tecnologia

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O combate à fome no Brasil apresentou avanços notáveis em 2023, conforme apontado pelo Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024). A insegurança alimentar severa caiu 85%, reduzindo o número de brasileiros nessa condição de 17,2 milhões em 2022 para 2,5 milhões no ano passado. Percentualmente, a queda foi de 8% para 1,2% da população.

Segundo os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que corroboram informações recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 24 milhões de brasileiros saíram da condição de fome entre 2022 e 2023. Apesar desse progresso, o desafio de garantir a segurança alimentar em longo prazo ainda persiste, especialmente em regiões onde o acesso a tecnologias e insumos agrícolas modernos é limitado.

Nesse contexto, a equipe do Broto conversou com o economista e sócio da Nutristhal, Marco Oliver Anton, que explicou como a tecnologia inovadora OCC, sigla em inglês para composto coloidal orgânico, pode ajudar a enfrentar esses desafios. De acordo com Anton, a OCC tem desempenhado um papel estratégico. Essa nanotecnologia encapsula moléculas ativas em micelas lipídicas, protegendo-as até chegarem ao destino dentro das plantas. Esse processo aumenta a eficácia de fertilizantes e defensivos agrícolas, permitindo maior produtividade com menos insumos químicos.

"Com o crescimento populacional e o aumento da renda, a demanda por alimentos cresce mais rápido. O OCC contribui para isso ao permitir ganhos significativos de produtividade, como 40-50% na soja e até 70% na cana-de-açúcar, sem mudar protocolos de aplicação", explica Anton.

Outro benefício da tecnologia é que o OCC permite reduzir entre 30 e 50% o uso de defensivos agrícolas, beneficiando o solo e diminuindo o estresse químico nas plantas, que podem focar no crescimento, aumentando também a produtividade. Ao ampliar a produtividade sem a necessidade de expandir áreas agrícolas, a tecnologia ajuda não apenas a atender à crescente demanda por alimentos, mas também a promover práticas agrícolas mais sustentáveis.

Com sete anos de atuação no Brasil, Anton afirmou que a tecnologia, por se tratar de uma solução disruptiva, enfrentou desafios significativos para ganhar aceitação no mercado. Desenvolvida por uma empresa com mais de 30 anos, com sede em Hong Kong e operações em Singapura, a tecnologia já era consolidada em regiões como Europa, Ásia e Oceania.

No entanto, foram necessários cinco anos de testes e pesquisas antes de sua comercialização no Brasil, que começou a dois anos. Hoje, com mais de 49 parceiros, entre empresas de defensivos agrícolas, biofertilizantes e produtores rurais, a OCC continua a expandir seu alcance no mercado.

"Quando trouxemos o OCC para o Brasil, as primeiras pessoas que tiveram que ser convencidas fomos nós mesmos”, brinca Anton. “Trabalhar com algo disruptivo exige quebrar barreiras, e até para realizar testes iniciais nas empresas enfrentamos resistência. É preciso 'catequizar', repetir a mesma história e acumular casos de sucesso para abrir espaço. Apesar de já termos uma situação bem diferente, com projetos em andamento, o processo de aceitação ainda está em evolução", completa.

Os dados do SOFI 2024 e as contribuições de inovações como o OCC mostram que avanços significativos no combate à fome são possíveis, mas exigem esforços conjuntos. Investir em tecnologias disruptivas, adaptar soluções às necessidades locais e superar resistências iniciais são passos cruciais para consolidar a segurança alimentar no Brasil. Como bem posto por Marco, “o Brasil, como líder agrícola e em tecnologia, está bem posicionado para adotar essas inovações e elevar sua produção”.
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