Em um mundo cada vez mais digitalizado, os dados assumem o papel de "ouro do milênio", guiando decisões estratégicas em diversos setores, incluindo o agronegócio. Do campo à mesa, a coleta e análise de dados impulsionam a produtividade, otimizam recursos e garantem a sustentabilidade da cadeia produtiva.

João Arlindo Neto, doutor em Ciência da Informação pela Unesp e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), pontua que o primeiro cuidado que todo produtor deve ter é o de diferenciar dado e informação. “Os dados são conhecidos como a ‘informação’ em sua forma bruta, isto é, sem tratamento, sem análise. Portanto, não apresentam sentido até que se trabalhe sobre eles”, pontua.

Nathan Caldana, pesquisador e doutor em Agronomia/Agrometeorologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), enfatiza a importância da coleta e análise de dados meteorológicos em tempo real.

“A produção agrícola carece de um planejamento fragmentado e específico para cada uma de suas etapas, como genótipo, condições do solo, manejo e especialmente de tempo/clima. O produtor agrícola é quem mais conhece da sua área de trabalho e da sua lavoura, mas ferramentas podem auxiliar em seu planejamento diário e ser uma de suas grandes aliadas”, destaca.

O clima, muitas vezes visto apenas como previsão do tempo, assume um papel crucial na agricultura moderna, fornecendo dados que vão além da simples informação sobre chuva ou sol. Através da coleta e análise de dados meteorológicos em tempo real, o produtor rural encontra um aliado poderoso para prevenir perdas, otimizar a produção e garantir a segurança alimentar.

“As informações meteorológicas podem prevenir os desastres causados em todas as esferas de planejamento agrícola e urbano [...] A instalação de sensores meteorológicos que monitorem condições climáticas e do solo em tempo real possibilitam ao produtor identificar como estão as fundamentais condições ambientais de sua produção e utilizá-las a seu favor”, avalia Caldana.

Hoje, a produtividade e a competitividade dependem de uma gestão moderna e estratégica, onde dados, tecnologia e ciência se integram. No entanto, acumular dados não é suficiente – é necessário transformá-los em conhecimento acionável.

“Em caso de uso de irrigação e agroquímicos, podem ser evitados ou utilizados conscientemente tendo acesso a dados em tempo real, evitando, assim, gastos desnecessários. E os benefícios vão além de sua lavoura […] tendo informação e um planejamento adequado, além de aumentar a rentabilidade e produtividade, o produtor rural pode contribuir com o menor impacto ambiental de sua atividade”, ressalta Caldana.

Ferramentas da era digital, como Ciência de Dados, Big Data e Machine Learning oferecem insights valiosos para melhorar a tomada de decisões, personalizar experiências e prever tendências no agronegócio. “Quem detém informação tem o poder”, finaliza Neto.