08/03/2024 às 16:00

ESPECIAL 2: Colheita de soja no RS será exceção positiva nesta safra, diz Sistema TempoCampo da Esalq/USP

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A semeadura da safra 2023/24 de soja foi encerrada no último decêndio de fevereiro. A colheita progride bem, com 38% da área projetada já colhida, valor 4% superior ao observado no mesmo período na safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse ritmo mais acelerado das operações de colheita se deve, principalmente, aos incrementos reportados nos estados do Centro-Oeste e no Paraná.

As estimativas de produção continuam sendo revisadas para baixo conforme a colheita avança pelo território brasileiro, o que se deve aos extremos climáticos ocorridos durante o ciclo da soja, como a falta ou o excesso de chuvas e as altas temperaturas, que comprometeram o potencial produtivo nos maiores polos de produção do país.

Até então, a exceção notável é o Rio Grande do Sul, o qual, após duas quebras consecutivas na safra da soja, tem boas perspectivas de produtividade, projetada pelo Sistema TEMPOCAMPO da Esalq/USP, com um aumento de 51% ante a temporada passada.

No Mato Grosso, a colheita segue em ritmo acelerado, já contemplou 76,44% da área prevista, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA). Apesar de pouco superior ao superior à área colhida no mesmo período na safra 2022/23 (76,27%), o percentual colhido na safra atual segue adiantado em relação à média dos últimos cinco anos (72%).

O rendimento das áreas colhidas tem sido inferior ao das últimas safras, de modo que, em sua última atualização, o IMEA reportou produtividade de 52,81 sc/ha (redução de 15,23% em comparação à safra 2022/23) e produção de 38,44 milhões de toneladas (15,17% inferior ao ciclo passado). Essa quebra é explicada pela falta de chuvas atrelada às elevadas temperaturas durante o ciclo da soja, o qual foi encurtado, sobretudo nas áreas de soja de ciclo precoce ou médio. Desse modo, o potencial reprodutivo das plantas foi comprometido, levando à queda de flores e à menor quantidade de vagens por planta.

No Mato Grosso do Sul, a Conab reportou que a colheita atingiu 47% da área semeada, 23% adiantada em relação ao mesmo período na safra passada. Apesar do registro de chuvas irregulares em fevereiro, as operações de dessecação e de colheita progrediram. No sudoeste do Estado, o ciclo da cultura foi antecipado devido ao estresse hídrico.

Segundo o Consórcio Antiferrugem, foram reportadas 35 ocorrências de ferrugem-asiática nas lavouras sul-mato-grossenses, sendo 21 delas apenas no primeiro decêndio de fevereiro. O número de casos está aquém ao registrado na safra passada, quando foram reportadas 57 ocorrências, sendo 32 delas em fevereiro.

Essa diminuição dos casos pode ser explicada pelo longo período de estiagem que acometeu o Estado, sobretudo no início da safra, o que não favoreceu o estabelecimento de condições ideais à disseminação do fungo. Em Goiás, a colheita também avança de modo satisfatório e superior ao registrado na última safra, com 42% da área colhida. De modo geral, as condições foram favoráveis para as lavouras goianas em fevereiro, principalmente para as mais tardias, nas quais o enchimento dos grãos foi beneficiado pelas chuvas.

No Paraná, o Departamento de Economia Rural (DERAL) reportou que a colheita já atingiu 52% da área semeada, em um ritmo notadamente mais adiantado que o observado na safra anterior, quando apenas 17% haviam sido colhidos. Das lavouras remanescentes, 7% estão em condições desfavoráveis, 32% em condições intermediárias e 61% em boas condições. Essa heterogeneidade nas condições das lavouras se dá em função da região e da época de semeadura.
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