19/12/2023 às 17:40

ESPECIAL: “A inovação aberta já é uma realidade no agronegócio”, destaca head de inovação do Cocriagro

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“A inovação aberta já é uma realidade no agronegócio para quem sabe aproveitar”, avalia Tatiana Fiuza, head de inovação do Cocriagro, hub de startups localizado em Londrina (PR). Para ela, o agronegócio brasileiro é um setor diversificado, com produtores de diferentes portes e necessidades. Na mesma medida que grandes empresas adotam tecnologias avançadas, como inteligência artificial (IA), imagens de satélite refinadas, biotecnologia e crédito de carbono; pequenos e médios produtores ainda buscam soluções mais básicas, como softwares de gestão.

À frente de um dos principais espaços de inovação do País, Fiuza aponta que 2024 pode ser desafiador para as agetchs, mas destaca que há tendências e oportunidades a serem aproveitadas, sobretudo para o pequeno e médio produtor.

BROTO: Como você avalia o desempenho do setor de agtechs e startups neste ano? 

Temos visto um aumento crescente no número de startups do agro. Dados divulgados pelo último Radar Agtecth 2023 dão conta de mais de 1,9 mil startups. Apesar dos movimentos quanto aos fundos de investimento – de retrair os investimentos –, ainda estamos conseguindo gerar e trazer novas startups para o mercado. Esse foi um ano de retração no agro do ponto de vista de investimento. Infelizmente, ainda vemos a "área" de inovação sofrer cortes em 2023. Para nós, que estamos no meio, é muito claro que será a inovação que dará fôlego nos momentos de crise, mas ainda nem todo mundo entende dessa forma. Temos assim uma correlação meio complexa entre discurso e prática, em que o discurso é pela inovação, mas na prática ainda se olha muito a operação do dia a dia. Por outro lado, quem consegue refinar bem discurso e prática tem tido ótimos resultados com startups. A inovação aberta já é uma realidade no agronegócio para quem sabe aproveitar.



BROTO: Na sua avaliação, quais podem ser os principais desafios para as agtechs em 2024? 

As startups do agro enfrentam muitos desafios. O mercado é gigante, mas muito bem segmentado. Se é uma solução dentro da porteira, há grandes diferenças entre regiões, tipos de propriedade, cultura e aceitação por tecnologia. Ou seja, mesmo com um amplo potencial de mercado, o entendimento sobre o tipo de mercado é complexo. Além disso, as startups são as que mais sofrem com a diminuição de investimentos no setor. Chegar até o produtor é outro grande desafio.

BROTO: Pode compartilhar alguns dos projetos inovadores mais recentes que foram desenvolvidos no hub Cocriagro? Como essas iniciativas estão impactando positivamente a agricultura? 

Temos trabalhado cada vez mais de maneira muito próxima dos nossos clientes para entender como de fato podemos levar a tecnologia das startups. Um dos projetos desenvolvidos foi a iniciativa Connect com a Integrada Cooperativa Agroindustrial. O desafio era falar com jovens cooperados sobre inovação e sucessão familiar. Organizamos, então, uma jornada para ensinar esses jovens a entender o que era uma startup, como validar uma solução de startup e como levar essa tecnologia para o decisor da propriedade (pai, tio ou avô). A jornada envolveu 8 meses, mais de 100 jovens participaram e os dias de campo foram feitos na fazenda com três startups.

Além disso, atuamos com a proposta da Smart Farm, uma vitrine tecnológica, em que o produtor pode ver na prática e no campo as tecnologias das startups em operação. Essa ação foi desenvolvida com 8 startups, cooperativas, multinacionais e institutos de pesquisa.

BROTO: Quais são as principais tendências de inovação que você antecipa para o setor agrícola no próximo ano e como o pequeno e médio produtor pode se preparar para acompanhar essas mudanças? 

O agro é muito diverso, e na mesma medida que estamos falando de soluções com IA, imagens de satélite refinadas, biotecnologia e crédito de carbono, por exemplo, temos do outro lado produtores ainda procurando por softwares de gestão. Por isso, é preciso entender que nem sempre a necessidade é pela tecnologia extraordinária, mas por aquilo que vai ajudar naquele momento. Olhando para o Cocriagro posso dizer que já há uma série de tecnologias para pequenos e médios produtores. Não é por falta de tecnologia. A dificuldade está mais por desconhecimento do que existe e pela falta de linhas de crédito específicas para aquisição tecnológica para pequenos e médios produtores.

BROTO: Quais parcerias estratégicas ou colaborações o hub Cocriagro está planejando estabelecer no próximo ano para impulsionar ainda mais a inovação no setor agrícola? 

2023 foi um ano de consolidação de alguns serviços e ampliação do Cocriagro. Atualmente, temos startups de todas as regiões do Brasil plugadas no hub. Nossa ideia é ampliar o atendimento a cooperativas tanto do Paraná quanto de outras regiões, pois sabemos como uma cooperativa atua e de que forma podemos ajudar com a inovação aberta.
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