Conhecido historicamente por sua contribuição à indústria da borracha, o estado do Acre está ganhando notoriedade no cenário agrícola, especialmente na produção de soja. A safra 2023/24 poderá ultrapassar 40 mil toneladas, em uma área de cerca de 13 mil hectares.

Embora esse número seja modesto quando comparado ao gigante Mato Grosso, que lidera a produção nacional da oleaginosa, com previsão de mais de 40 milhões de toneladas para a temporada 2023/24, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um notável crescimento no cultivo de soja no Acre, superando 7.000% entre 2012 e 2022 – o fenômeno destaca o impacto positivo do desenvolvimento sustentável decorrente de parcerias entre os setores público e privado, posicionando a soja como o terceiro produto mais exportado pelo estado.

Assuero Veronez, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC), e pioneiro no plantio de soja na região, destaca a importância da exportação via hidrovia do rio Madeira, impulsionada pela presença de grandes tradings em Porto Velho (RO). Essa logística tem encurtado as distâncias até os mercados exportadores, tornando o negócio da soja e milho mais viável no estado.



“A introdução da soja no Acre deve-se, primordialmente, à viabilidade da exportação via hidrovia do rio Madeira. A presença das grandes tradings em Porto Velho viabilizou o negócio da soja e milho no estado, reduzindo as distâncias em relação aos mercados exportadores”, diz Veronez.

Ao longo da BR-317, na Estrada do Pacífico, a transformação da paisagem é evidente, com extensas áreas de pastagens cedendo espaço para plantações de soja e milho, acompanhadas pela construção de silos. O Vale do Acre, caracterizado por terrenos planos propícios ao cultivo, tem testemunhado um aumento constante na área de plantio.

A Embrapa desempenha um papel crucial como parceira do estado no desenvolvimento da produção de soja, oferecendo suporte técnico aos produtores. Apesar de não possuir um acervo específico de pesquisas para a soja no Acre, a empresa identificou quase 400 mil hectares aptos para o cultivo da oleaginosa.



“A Embrapa tem auxiliado o setor produtivo no Acre com variedades e práticas que auxiliam na eficiência de produção, principalmente recuperando áreas degradadas que não são mais utilizadas com pastagens. Os incrementos dessas áreas para lavoura agregam valor à economia do estado, gerando renda aos produtores pequenos, médios e grandes”, destaca Alexandre Nepomuceno, diretor da Embrapa Soja.

No entanto, Veronez ressalta que melhorias na infraestrutura e armazenagem são essenciais para elevar a competitividade do estado. “Infraestrutura viária, especialmente os ramais que são intransitáveis na época da colheita, e armazenagem (secadores), são os dois gargalos principais. Do lado privado, já estamos em discussão para construir uma cooperativa de produtores de grãos, permitindo assim agregar mais produtores nessa atividade”.