05/11/2024 às 17:47

ESPECIAL: Armazenamento de carbono abre nova fronteira de negócios para as usinas de etanol, destaca deputado Arnaldo Jardim

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Relator na Câmara dos Deputados do Combustível do Futuro, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), destacou, nesta segunda-feira (4), na cerimônia de abertura do Carbonless Summit, na capital paulista, as oportunidades de receita que a nova legislação traz para as usinas de etanol a partir da atividade de captura e armazenamento de carbono (sigla em inglês para Carbon Capture and Storage), que recebeu capítulo específico na recém-sancionada lei.

Com a participação de especialistas do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Europa e Arábia Saudita, o evento, que acontece até esta terça-feira (5), apresenta entre os principais temas o debate acerca de tecnologias, até então, amplamente utilizadas no segmento petrolífero para ajudar na extração de petróleo sendo empregadas agora para aprimorar ainda mais a sustentabilidade do etanol, viabilizando a produção inédita do biocombustível com pegada negativa de carbono.

Os mesmos equipamentos que injetam carbono para auxiliar o bombeamento do petróleo agora estão prontos para aprimorar a sustentabilidade do etanol que, cada vez mais, substitui a energia de origem fóssil.

"Uma importante técnica que pode realizar a neutralização de carbono é o uso da biomassa combinada com o CCS. A biomassa utilizada para biocombustíveis é proveniente de plantas, ou seja, durante seu crescimento já há a captura de carbono, mas este é novamente lançado na atmosfera quando convertido em energia, mesmo que em quantidades menores que os combustíveis fósseis", discorreu o deputado. Entretanto, explicou o parlamentar, se este CO2 for capturado e transportado para um local de estoque permanente, como o subsolo, isso irá resultar em uma remoção negativa de CO2, ou seja, será capturada uma quantidade maior do que foi emitida.

A atividade de CCS no setor de etanol pode resultar em ganhos financeiros para as usinas tanto por meio da geração e comercialização de créditos de carbono como também pela certificação do biocombustível como “zero emissor” ou “emissor negativo”. Isso permite que o etanol seja monetizado com ágio em mercados internacionais que valorizam este atributo.

O CCS, por exemplo, está previsto na lei da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e pode significar oportunidade para a geração de um maior volume de Créditos de Descarbonização (CBios) e consequentemente de renda para as usinas de etanol.

Etanol de pegada negativa de carbono

O Brasil tem potencial de captura de carbono em torno de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, considerando o nível atual de atividade econômica do país. Neste sentido, o mercado brasileiro de captura e armazenamento de carbono no solo tem perspectiva de movimentar entre R$ 14 e R$ 20 bilhões anuais, com participação significativa do setor de etanol, indicam estimativas da CCS Brasil. Já o mercado mundial de CCS deve movimentar US$ 3,54 bilhões em 2024, com previsão de atingir US$ 14,51 bilhões em 2032.

O etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil já reduz em até 90% as emissões de gases que contribuem para as mudanças climáticas. A captura e o armazenamento do CO2 gerado durante o processo de produção do biocombustível faz com que essa pegada de carbono seja ainda menor, chegando a ser negativa.

“As mais de 360 usinas que produzem etanol no Brasil, em particular no Estado de São Paulo, têm a oportunidade de fazer do País o líder global nesse mercado, abrindo as portas para o acesso aos créditos de carbono e criando mais uma fonte de receita para as usinas”, pontuou o geólogo Everton Oliveira, presidente da Hidroplan, realizadora do evento em parceria com a entidade CCS Brasil. "A captura e armazenamento de CO2 em depósitos geológicos profundos é uma janela para o futuro de um planeta com mais qualidade, onde uma tecnologia sofisticada oriunda da indústria do petróleo une-se agora ao processo de produção de biocombustíveis, permitindo a geração de um combustível com pegada de carbono negativa", complementou o executivo.
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