11/10/2024 às 16:50

Especial: Atraso na semeadura da soja deve estender vendas de seguros rurais até meados de novembro

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O mercado brasileiro de seguro rural deverá registrar um crescimento de apenas 1% em 2024, indica a projeção mais recente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O aumento é pequeno se comparado com a projeção de junho – que apontava uma alta de 7,9% – e praticamente irrisório ante a expectativa do final de 2023 – a qual indicava um avanço de 23,1% do setor.

Buscando entender o atual cenário dos seguros rurais no Brasil e como funciona sua composição, a Broto conversou com Glaucio Toyama, presidente da comissão de seguro rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

O mercado de seguros rurais reflete a composição de três principais linhas. A primeira delas é a de seguros agrícolas, depois a parte de patrimoniais – que é composta pelo ramo de penhoras e benfeitorias – e, por último, os seguros prestamistas. “Essas são as principais linhas que performam e perfazem todo o volume de prêmio que a gente tem no mercado de agro aqui no Brasil”, contextualiza Toyama.

Na visão do executivo, os prestamistas, no geral, “tem caminhado bem”, uma vez que são poucos players que acabam trabalhando nessa linha. Todavia, por serem “diretamente relacionados à operação de crédito”, acabaram sofrendo com mudanças de regras, sobretudo em relação à situação das Letras de Crédito Agrário (LCAs), que tiveram impactos no prazo de vencimento, na utilização de recursos e na emissão de títulos.

Em resumo, explica o presidente da comissão de seguro rural da FenSeg, se tem crédito sendo disponibilizado, a operação dos prestamistas vai bem e acaba trazendo mais volume de prêmio.

Por sua vez, os seguros patrimoniais, que envolvem os de penhora e benfeitorias, possuem uma alta dependência da confiança do consumidor, isto é, quando ela está baixa – isso ocorre em decorrência de margens estão mais apertadas –, o produtor acaba investindo menos e, consequentemente, contratando menos seguros.

“Ele prefere segurar aquela máquina mais antiga, segurar alguns investimentos previstos para a safra e retardar esse tipo de utilização. Então a operação de penhor também sofre por conta disso”, exemplifica Toyama.

“Óbvio que a gente tem no mercado de seguros toda uma questão de renovação de patrimônio, mas uma grande parte dessa volumetria vem da instalação de linhas de crédito para investimentos novos”, completa o executivo.

A última linha que compõe e mercado de seguros rurais no Brasil, classificada por Glaucio como a “mais importante”, é a de seguros agrícolas, que vem sendo impactada por alguns fatores.

Entre eles estão a queda nos preços das commodities, que vem sendo observada desde 2022; o desembolso de crédito pelo Banco Central (BC); e a quebra de produção, que levou o produtor a migrar a sua operação para o último suspiro do Pro-Agro, o qual ainda estava com alíquotas bastante interessantes para a operação da cultiva de inverno.

“Não é porque a gente não tem a capacidade de vendas, capacidade de risco; não é porque a gente não tem produto, não é a subvenção – que está sobrando neste ano, por incrível que pareça–, é porque, de fato, tem externalidades da operação de seguros agrícolas que estão atingindo mais fortemente o volume de negócios das seguradoras, dos principais distribuidores que a gente tem no Brasil”, defende o presidente da comissão de seguro rural da FenSeg.

Outro ponto levantado por Toyama é atraso na semeadura da safra 2024/25 de soja, provocada pelo tempo quente e seco enfrentado na região central do Brasil, o que fez com que as seguradoras ampliassem seu período de venda.

“Estamos ainda em campanha de vendas, o mercado todo ainda está em campanha de vendas, muito atrasado em relação ao que a gente tem de forma recorrente ao longo dos últimos anos”, diz Glauco. Normalmente, prossegue o executivo, a operação de soja se encerra em meados de outubro. “O que a gente tem percebido, por demanda dos distribuidores, é que as comercializações se estendam até meados de novembro”.
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