25/10/2024 às 16:59
ESPECIAL: Eventos climáticos extremos devem ser vistos como o “novo normal” para as seguradoras rurais
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Está sendo cada vez mais comum observarmos eventos climáticos extremos, que, antigamente, só ocorriam uma vez a cada 10 ou 15 anos. Sejam eles secas prolongadas, enchentes ou tempestades intensas, tais eventos vêm afetando diretamente o agronegócio, uma fábrica que produz riqueza a céu aberto.Com a necessidade de adaptação, os custos de produção aumentam. Investimentos em novas tecnologias de irrigação e seguros rurais, que antes não faziam parte do planejamento do produtor, devem começar a entrar na balança.Em entrevista exclusiva à Broto, Glaucio Toyama, presidente da comissão de seguro rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), disse que as seguradoras devem começar a tratar a ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos como um novo normal.“Não é que é uma adaptação. A gente tem passado por ciclos de eventos catastróficos de forma recorrente ao longo dos últimos 10 anos. Então o primeiro ponto é considerar que essa dinâmica de ciclo agrícola por conta dos eventos climatológicos que a gente tem, seja pelas variações de neutralidade, do El Niño e La Niña, vão sempre acontecer”, disse Toyama.A partir daí, prossegue o executivo, as seguradoras precisam ter uma boa percepção de como precificar o produto, isto é, como estabelecer condições para colocá-lo na ponta do mercado e como montar a operação numa parceria público-privada para ter uma distribuição não só concentrada na região centro-sul do país. “A gente tem que caminhar para um movimento mais saudável e sustentável em termos de conquista de novos mercados”, afirma.Segundo o executivo, atualmente, no Brasil, apenas 10% da área plantada possui penetração do seguro rural. Estou falando só das 20 principais atividades agropecuárias que a gente tem no Brasil. É um gap de proteção de quase 90% hoje no Brasil como um todo”, conclui o executivo.Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2951/2024, de autoria da senadora Tereza Cristina (PP-MS), que busca tornar o seguro rural mais acessível e eficaz, por meio do aumento da previsibilidade orçamentária e da criação de um fundo privado de seguro rural, previsto em lei desde 2010, mas ainda não implementado.Conforme explica o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), apoiador do projeto, o produtor rural que não tem seguro dificilmente consegue fazer empréstimo por causa do risco e isso traz inúmeros problemas. “A ideia é trazer um projeto o mais abrangente possível para todo o território nacional e para beneficiar a quem precisa”, defende o parlamentar.A aprovação da proposta é tratada pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) como prioridade neste último semestre do ano.“Para que a gente tenha tranquilidade com o mercado de seguros, para criar operações sustentáveis e ter proteção para o ambiente produtivo, a gente precisa diversificar produtos, ter distribuição regional, e ter, obviamente, todo o suporte para que a coisa se desenvolva”, comenta Glaucio Toyama.Na visão do presidente da comissão de seguro rural da FenSeg, a subvenção é um ponto importante na história toda, todavia, diante do atual cenário brasileiro, “nem um bilhão de reais seria suficiente para tratar toda a demanda de proteção no mercado agropecuário, pensando nos produtores vulneráveis”.“A gente não está pensando em proteger 100% da agricultura brasileira, como todo mundo às vezes traz aqui em relação à comparação com o mercado norte-americano”, explica Toyama. “A ideia é que a gente tenha uma penetração muito maior que esses 10%, e de forma paulatina, chegue a uma proteção bastante grande que esses agricultores mais vulneráveis estejam protegidos, que são os pequenos e médios”, completa.
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