A conectividade no campo é um desafio crucial para o agronegócio, sobretudo para o pequeno e médio produtor, já que para otimizar a produção e tomar decisões estratégicas em tempo real, a troca de informações precisa ser rápida e eficiente. Nesse contexto, tecnologias como IoT (Internet das Coisas) e o 5G surgem como ferramentas inovadoras para impulsionar a produtividade e a competitividade do setor.

Dados divulgados em 2023 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que aproximadamente 72% das propriedades rurais do País, o que equivale a cerca de 3,6 milhões, não possuem acesso à internet.

A IoT oferece uma série de benefícios para o agricultor, como a melhoria da produtividade, redução de perdas e aumento da eficiência operacional, economia de recursos, como consumo de combustíveis e insumos.

A São Martinho, gigante do setor sucroenergético brasileiro, se uniu à Agrotools para impulsionar a sustentabilidade em suas operações. Através da parceria, iniciada em novembro de 2021, a empresa obteve acesso a um sistema de monitoramento inovador que otimiza a gestão ambiental e social da cadeia produtiva – no total, são 108 mil análises, além de 13,8 mil cadastros geográficos para garantir um processo automatizado e seguro.

Para entender o que é IoT, como funciona e quais os benefícios que a tecnologia pode trazer para a tomada de decisão em tempo real, o Broto conversou com Ana Paula Allian, doutora em Ciências da Computação e Matemática Computacional pela Universidade de São Paulo (USP) e que atua em gerenciamento e arquitetura de projetos de Tecnologia da Informação com foco em IoT.

BROTO: O que é IoT?

Ana Paula Allian: A Internet of Things (Internet das Coisas) é uma rede de dispositivos inteligentes que possuem sensores, softwares e outros tipos de tecnologias incorporadas com a finalidade de trocar dados com outros dispositivos/sistemas por meio da internet.

BROTO: Qual a relação da IoT com a eficiência no campo?

Ana Paula Allian: A IoT é considerada uma transformação porque possibilita a interação de máquinas com máquinas sem interação ou com o mínimo de intervenção humana e a possibilidade de análise de dados em tempo real. Para que seja eficiente, são necessários alguns pontos, entre eles a conectividade dos dispositivos/sistemas; disponibilidade dos dispositivos/sistemas; análise dos dados em tempo real; gerenciamento dos dispositivos para garantir que estejam seguros, possam se comunicar com outros dispositivos/sistemas; sistemas inteligentes que possam receber os dados dos sensores e tomar decisões de acordo com as informações recebidas.

BROTO: Qual a diferença entre 5G e IoT?

Ana Paula Allian: A diferença entre 5G e IoT é que o primeiro é um novo sistema de comunicação, mais rápido, e que permite que um grande número de dispositivos se comunique com pouca ou sem nenhuma interação humana.

A IoT descreve um ecossistema de dispositivos físicos que possuem sensores e outras tecnologias que podem trocar informações por meio de diferentes sistemas de comunicação (5G/4G/3G/Bluetooth/wireless etc). Já o 5G possibilita que a IoT se expanda ainda mais, já que possibilita maior conectividade entre os dispositivos/sistemas.

BROTO: No caso brasileiro, qual a sua visão sobre o tema?

Ana Paula Allian: O Brasil tem condições de fazer uso da IoT. O governo federal tem planos de implementar e desenvolver IoT e, nesse mesmo caminho, muitas empresas de porte internacional e nacional vêm fazendo uso de dispositivos IoT para monitorar transporte e fornecer informações de localização em tempo real, por exemplo. Além disso, indústrias utilizam IoT para controle de sua linha de produção tornando-a mais inteligente e eficiente.