15/04/2024 às 17:54
Especial: Pequenos e médios produtores rurais enfrentam desafios relacionados à sucessão familiar
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A sucessão familiar é um dos maiores problemas enfrentados pelos agricultores brasileiros. Dados do último Censo Agropecuário revelam que um em cada quatro produtores tem mais de 65 anos, o que mostra a urgência da questão. Apenas 30% das empresas familiares chegam à segunda geração e somente 5% resistem até a terceira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Os desafios enfrentados pelos pequenos e médios produtores no Brasil em relação à sucessão familiar no agronegócio foram discutidos em uma entrevista exclusiva concedida para o Broto por Juliana Torres Milani, advogada especialista em Processo Civil e presidente da Comissão do Direito Agrário e Agronegócio da OAB de Londrina (PR).Segundo Milani, a falta de informação sobre o assunto é um problema premente. O êxodo da geração mais jovem do campo tem contribuído para a falta de sucessores preparados para assumir a gestão das propriedades familiares.“Quando as gerações permanecem na propriedade, estas costumam se capacitar com a ajuda de programas governamentais, ações de sindicatos e cooperativas. Há vários exemplos no Brasil dos filhos que assumem a gestão e melhoram a qualidade e a quantidade de produção, o que se dá, sempre, pela capacitação e inovação no negócio”, diz a advogada.Na avaliação da profissional, a falta de planejamento sucessório pode impactar severamente a continuidade e a sustentabilidade dos negócios agrícolas familiares de pequeno e médio porte. A ausência de sucessores preparados para assumir a gestão pode levar à paralisação das atividades, especialmente quando aliada à dependência de crédito público e à ausência de um fundo de reserva.Quanto aos modelos de sucessão familiar, Milani pontua que cada caso deve ser analisado individualmente, considerando as peculiaridades de cada família e propriedade rural. Ela ressalta a importância da capacitação e formação dos sucessores, destacando que a permanência das gerações na propriedade rural é essencial para a continuidade e competitividade do negócio.A legislação brasileira desempenha um papel crucial no processo de sucessão familiar no agronegócio, exigindo que os produtores observem as normas legais em qualquer processo sucessório.No que diz respeito às tecnologias e inovações no agro, Milani enfatiza que a modernização e a sustentabilidade das atividades são fundamentais para atrair as novas gerações para o campo – a conectividade e o acesso a recursos tecnológicos podem facilitar a gestão da propriedade e tornar o negócio mais atrativo para os jovens.Na visão de Milani, é no processo de sensibilização e conscientização que está a chave para lidar com o tema. Nesse caso, é necessário buscar informações que esclareçam que o assunto é essencial, além de compreender a questão técnica e consultar profissionais capacitados.
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