24/01/2025 às 17:01

ESPECIAL: Preço do frete rodoviário agrícola apresenta tendência de alta para 2025

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A expectativa é de que os valores dos fretes rodoviários subam entre 15% e 20% neste início de ano, principalmente devido à previsão de safra recorde de soja, conforme a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). A associação estima que os preços dos fretes se mantenham nos níveis de 2023, com grande alta em fevereiro.

Em dezembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou que os fretes rodoviários tiveram os valores reduzidos em quase todas as regiões produtoras de soja e milho, que respondem pela maior parte da produção de grãos no Brasil, devido à menor quantidade de produtos para transporte. Segundo a Conab, o frete de Sorriso para o porto de Santos registrou queda de 7% em novembro em relação ao mês anterior e 21% na comparação com novembro de 2023.

Entretanto, de acordo com dados da última análise do Índice de Frete Edenred Repom (IFR), o preço médio do frete por quilômetro rodado fechou dezembro de 2024 a R$ 6,81 no País, o que representa uma alta de 4,7% ante novembro e de 7,07% no comparativo com a média registrada em janeiro de 2024.

“Assim como em novembro, o preço do frete no último mês de 2024 apresentou alta como consequência de fatores importantes de ordem econômica, com destaque para as recentes altas do dólar, que pressionam os custos de insumos do setor de transporte. Os níveis altos da taxa básica de juros (Selic) também exercem papel importante na alta do frete, bem como o aumento do diesel, que segundo o IPTL (Índice de Preços Edenred Ticket Log), apresentou o maior preço médio de 2024 em dezembro”, destaca Vinicios Fernandes, diretor da Edenred Repom.

Apesar da alta em dezembro ante novembro, o índice aponta também que houve queda de 12,63% quando comparada a média dos valores praticados em 2024 (R$ 6,36) à média de 2023 (R$ 7,28). “No decorrer de 2024, o preço do frete foi influenciado pela estabilidade do combustível e pelo bom desempenho da indústria e construção civil, enquanto o agronegócio foi impactado pela queda das commodities e eventos climáticos. Para o início de 2025, espera-se que o preço médio do frete siga em alta, impulsionada por fatores econômicos e fiscais e pela recuperação do agronegócio.”, ressalta Fernandes.

:: Fevereiro

A projeção de uma safra recorde de soja este ano deve impactar no preço dos fretes rodoviários já a partir de fevereiro. Segundo a Conab, o Brasil deve colher 322,5 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas em 2025, incluindo 166 milhões de toneladas de soja. A colheita será 8,2% maior que a do ano passado, de 297,7 milhões de toneladas de grãos.

O Country Director da Ascenza Brasil, Renato Francischelli, comenta que o transporte tem grande impacto no custo da produção agrícola e o produtor deve estar atento às mudanças e expectativas do mercado nesse segmento. “A distribuição dos produtos agrícolas exige estratégias que impactam no custo e na cadeia produtiva”, lembra.

A expectativa é de que, após o impacto da colheita de soja, os valores do transporte rodoviário continuem em alta ao longo do ano, com a chegada da safra de milho e outros cultivos. Questões como chuvas e a situação das rodovias são fatores que interferem no valor do frete. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), cerca de 60% das estradas federais apresentam algum tipo de deficiência.

O setor logístico ainda tem enfrentado desafios como a escassez de mão de obra, a falta de motoristas qualificados, falta de investimento em infraestrutura, diversificação dos modais de transporte, falta de capacitação de profissionais e redução da carga tributária sobre combustíveis e pedágios.

O custo do transporte em 2025 está pressionado pelo aumento do dólar e do petróleo, que pode resultar em reajuste do diesel, segundo analistas de mercado. O preço do diesel, que se manteve estável em 2024, representa entre 40% e 60% do valor do frete.

Levantamento feito pelo Grupo de Extensão e Logística da Escola Superior Luiz de Queiroz (Esalq-Log/USP) mostra que, de 2010 a 2023, a participação do transporte rodoviário no escoamento da produção do agro aumentou de 44,7% para 54,2%. Ainda conforme a Esalq-Log, as rodovias recebem 96% do transporte agrícola no mercado doméstico.
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