13/05/2024 às 17:14

ESPECIAL: Projeto resgata raízes culturais de São Cristóvão (SE) com beijuzeiras, doceiras e artesãs locais

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São Cristóvão, conhecida como a "cidade mãe" de Sergipe por sua riqueza gastronômica e cultural, preserva a história e as tradições locais, sendo a quarta cidade mais antiga do Brasil.

Recentemente, cerca de 40 beijuzeiras, doceiras e artesãs participaram de uma etapa de capacitação técnica do projeto Paisagens Alimentares, promovido pela Embrapa Alimentos e Territórios. O treinamento, realizado no auditório do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão, teve como objetivo explorar novas perspectivas sobre as rotas turísticas, história e cultura alimentar da região.

Durante o evento, a mestre em Gastronomia Nayane Honorato compartilhou sua pesquisa sobre as rotas culturais de Icó (CE), destacando a importância de investigar as histórias e tradições locais escondidas nas receitas, ruas e espaços históricos. Com o exemplo do município cearense, a abordagem visa valorizar o patrimônio material e imaterial da cidade sergipana, incluindo a transmissão oral de conhecimentos e técnicas culinárias.

“Percebo que o turismo (em São Cristóvão) tem essa pegada mais voltada para o patrimônio arquitetônico, religioso, mas existe também um patrimônio material riquíssimo, que está na história das pessoas e na própria cidade, na arquitetura das pequenas casas, que vai contar a história das pessoas comuns, na relação muito próxima com as manualidades que trazem o artesanato, a comida, as técnicas, a transmissão dos saberes pela oralidade. Essas histórias trazem a continuação do saber fazer”, diz Nayane.

Para a mestranda em Turismo Luara Lázaro, o potencial gastronômico local fortalece o turismo cultural, religioso e criativo em São Cristóvão.  “Quando a gente fala da queijada, a gente possibilita que o turista tenha acesso à história do município através do olhar da bisneta de uma mulher escravizada, e isso é extraordinário porque é uma forma de recontar a história através de agentes que naturalmente acabam sendo invisibilizados”, avalia Lázaro.

Denio Azevedo, professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Turismo do Instituto Federal de Sergipe (IFS), ressalta a importância de integrar o patrimônio cultural material e imaterial da cidade para impulsionar o turismo local.

“A cidade vem mudando a sua percepção sobre a atividade turística, com o mínimo de planejamento turístico, então se essas pessoas sentarem e conversarem, se a comunidade participar do planejamento, der as mãos e fizer um trabalho coletivo, é possível que a gente tenha um deslanche desse turismo aqui”, pontua o professor.

Carmen Verônica, uma artesã local, expressou sua esperança de que a melhoria da experiência turística em São Cristóvão traga reconhecimento para sua arte e benefícios financeiros, revelando a diversidade de matérias-primas disponíveis na região para criar doces, artesanatos e outros produtos.

“Nós temos tudo, mas precisamos ter um povo que se sinta pertencente a essa história. São Cristóvão, a cidade-mãe de Sergipe, hoje é uma cidade que tem tudo que o turista precisa conhecer, tanto de patrimônio material quanto imaterial. É preciso que as pessoas venham conhecer, nós temos um potencial turístico muito forte”, destaca Vânia Correia, educadora patrimonial e coordenadora do Museu Via Sacra.
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