A representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para América Latina, Dulclair Sternadt, alertou, nesta semana, especificamente na quarta-feira (22), na capital paulista, para o elevado volume de perdas e desperdícios de alimentos no Brasil, sobretudo nas etapas de transporte e manuseio do consumidor. "Temos uma perda aproximada de 27 milhões de toneladas por ano", disse em evento realizado pela GS1 e a Embrapa dedicado à rastreabilidade de produtos agrícolas.

Segundo ela, nesta temática, há um desafio educacional e de conscientização em toda cadeia produtiva, inclusive do papel do consumidor. De acordo com Dulclair, a implantação de processos de rastreabilidade pode ajudar no combate a perdas e desperdícios de alimentos, mas os obstáculos são significativos. "São os custos altos, desconhecimento de tecnologias, falta de marcos-regulatórios claros etc."

No mesmo evento, o diretor do departamento de produção sustentável e irrigação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Bruno Brasil, pontuou que cerca de 17% das exportações do agro brasileiro estão sob risco, devido à lei antidesmatamento da Europa. A nova legislação determina que, a partir da data retroativa de 31 de dezembro de 2020, somente produtos agrícolas livres de qualquer desmatamento - inclusive o legal, desconsiderando, portanto, o Código Florestal Brasileiro - poderão ser exportados para União Europeia. As principais cadeias produtivas ameaçadas são borracha, cacau, café, bovinos, madeira, óleo de palma e soja.

O diretor do Mapa reiterou a posição do governo brasileiro, que contesta na Organização Mundial do Comércio (OMC), se a lei europeia está em conformidade com as regras do comércio global. "Na nossa avaliação, trata-se de uma medida unilateral, discriminatória, coercitiva, de aplicação extraterritorial."