16/08/2024 às 15:27

Especial: Safra 2023/24 tem a pior média de ataque do bicudo do algodoeiro em MT, diz Fundação

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Além da severidade nas condições climáticas, a atual safra de algodão se mostra desafiadora quanto ao avanço de pragas nas lavouras. Não bastasse o aumento da população do conhecido e temido bicudo, os pesquisadores ainda apontam ataques danosos provocados por lagartas (Spodoptera frugiperda) e ácaro-rajado (Tetranychus urticae).

No monitoramento, realizado pela Fundação Mato Grosso, que verifica a flutuação populacional do bicudo algodoeiro entre uma safra e outra, a temporada 23/24 apresentou a pior média em Mato Grosso registrada desde o período de 2012/13. Em 12 anos de monitoramento, a safra recente apresenta o valor de 8.97 bicudos por armadilha, a cada semana de coleta. O índice conhecido como BAS (bicudo por armadilha por semana) serve de norteador para a execução de um manejo eficiente da praga, sendo que nesta atual safra a quantidade de inseto foi quase quatro vezes maior do que o visto na safra 22/23, quando a infestação da praga chegou a média de  2.15 BAS no estado.

O doutor em Entomologia Agrícola e pesquisador do Instituto Mato-Grossense do Algodão, Guilherme Rolim, relata a dinâmica do inseto nos algodoeiros de Mato Grosso. “Nós tivemos um problema sério com a questão da destruição de plantas no fim do ciclo do algodão e isso contribuiu para multiplicação da praga. A destruição foi prejudicada, principalmente por conta de questões climáticas, que favoreceram a permanência de plantas de algodão que emergiram em meio a lavoura de soja. São essas plantas que contribuem para a permanência do inseto na área”.

O especialista reconhece que em cada safra existe um cenário diferente para pragas, especialmente o bicudo, mas alerta para a necessidade de medidas urgentes e preventivas para garantir a sustentabilidade da produção. “Uma boa destruição dos restos culturais agora, ou seja, matar esse algodão realmente e ficar atento com o programa de monitoramento. Colocar as armadilhas, que são as armadilhas com feromônios, que atraem os insetos, e com isso consegue monitorar e verificar os locais de maior pressão da praga. Essa é uma forma do produtor iniciar as aplicações até um pouco mais cedo, para conter essa população durante a safra”, ressalta Guilherme.

O algodão é uma das principais commodities produzidas no Brasil, assim os produtores de Mato Grosso e Bahia, que são os estados com maior produção de pluma, são os que trazem os relatos de maiores desafios com relação a pragas na safra 23/24. O fenômeno climático El Ninõ, que provocou o registro de temperaturas mais altas e tempo mais seco em várias áreas, colaborou para acelerar o ciclo de vida das pragas. Por não ter a biotecnologia para controle sobre a população e a difícil identificação dos primeiros focos, o ácaro-rajado se tornou um problema nesta safra, segundo a pesquisadora em entomologia da Fundação Mato Grosso, doutora Lúcia Vivan.
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