01/11/2024 às 17:12

ESPECIAL: Sementes de cana prometem grandes transformações para o setor, mas viabilidade ainda está em pesquisa no CTC

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Está nos laboratórios do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) uma inovação que promete revolucionar todo o setor sucroenergético brasileiro: a semente de cana-de-açúcar.

“Esse projeto de sementes tem sido algo inovador para o CTC e para todo e setor”, comenta, em entrevista exclusiva ao Broto, a diretora de Assuntos Regulatórios e Governamentais do CTC, Silvia Yokoyama, que se encontra à frente das pesquisas.

De acordo com Yokoyama, o projeto consiste basicamente em trazer o plantio da cana ao conceito mais próximo ao conceito de plantio de sementes, como se dá com os grãos – milho, trigo, soja, feijão, ervilha, grão-de-bico, arroz, cevada, sorgo, entre outros.

“O modelo atual de plantio de cana-de-açúcar é altamente ineficiente. A elevada necessidade de material genético, equipamentos, operações e insumos, faz desta atividade uma das mais custosas do processo produtivo da cana”, explica Yokoyama.

Atualmente, o plantio de cana é realizado no Brasil de duas formas diferentes: por meio de “colmos” ou em forma de “mãe e bebê”.

O primeiro método utiliza segmentos do caule da planta, chamados colmos, para iniciar novas plantações – cada colmo possui nós e, a partir deles, podem surgir brotos que se desenvolvem em novas plantas.

Os colmos são cortados em pedaços de tamanho adequado, geralmente com dois ou três nós, e plantados no solo. Com os cuidados apropriados, como irrigação e adubação, os colmos enraízam e crescem, resultando em uma nova lavoura.

A segunda prática utiliza a planta-mãe e seus brotos (ou "bebês") para o cultivo. Nesse sistema, a planta-mãe, que já está em produção, desenvolve brotos laterais, conhecidos como "mudas de bebê". Esses brotos são então retirados da planta-mãe e replantados para formar novas mudas.

Questionada sobre os benefícios que a mudança do plantio para o método de sementes poderia trazer, a diretora de Assuntos Regulatórios e Governamentais do CTC elenca uma série deles, como a redução do tamanho do maquinário, o que resultará em uma queda na emissão de gases de efeito estufa e numa menor compactação do solo.

Outra vantagem da semeadura por semente é a possibilidade de manutenção da palhada da própria cana-de-açúcar no solo.

O benefício, nesse caso, se deve ao fato de a cana ser uma cultura semiperene, ou seja, após o plantio, ela é cortada várias vezes antes de ser replantada – seu ciclo produtivo é, em média, de seis anos com cinco cortes.

Após a última colheita do canavial, geralmente, a terra fica vários meses descansando ou recebe uma cultura de rotação, como amendoim, soja, girassol ou algum vegetal que ajude a nitrogenar o solo. Neste caso, a produtividade do primeiro corte é muito mais alta, mas haverá um espaço de cerca de dois anos entre o último corte do ciclo anterior e o primeiro corte do novo ciclo.

Apesar de prometer grandes mudanças no setor sucroenergético, a semente de cana-de-açúcar ainda está em fase de pesquisas dentro do CTC e, por isso, é cedo para definir alguma coisa, pondera Silvia Yokoyama.

“A gente ainda não tem o tempo certo para poder lançar isso. Mas estamos na expectativa de logo mostrarmos [ao mercado]”, disse a diretora de Assuntos Regulatórios e Governamentais do CTC, ressaltando que o instituto também busca por “alguns parceiros para complementar algumas de nossas atividades”.
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