09/05/2024 às 16:00
Falta de chuva e altas temperaturas afetam produção de amendoim em SP
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Depois de um período de crescimento exponencial do cultivo de amendoim, a safra paulista 2023/2024, que está em fase de conclusão, deverá ter um rendimento inferior ante os anos anteriores devido à falta de chuvas no mês de dezembro do ano passado, que afetou diretamente as lavouras das principais regiões produtoras do estado.A previsão para este ano é produzir algo em torno de 713,5 mil toneladas. Segundo balanço do Instituto de Economia Agrícola (IEA – Apta), órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Na safra 2022/2023, o estado chegou a produzir mais de 736 mil toneladas.“Para esta safra, as estimativas preliminares indicam redução do volume produzido, em razão das condições climáticas marcadas pela irregularidade das chuvas e das altas temperaturas. Além disso, o desenvolvimento da produção, também, impactam na qualidade do grão e, portanto, nas condições de atendimento do mercado externo”, ressaltou a pesquisadora do IEA, Renata Martins Sampaio.“Estamos em plena colheita, mas os números apontam quebra de produtividade em torno de 30% ou mais. A previsão para a próxima safra é de repetirmos a área plantada, que foi de 25 mil hectares, sustentada pela baixa precificação da soja”, segundo o produtor e presidente do Sindicato Rural de Jaboticabal, Sérgio Nakagi.As prefeituras do Oeste Paulista, região que compreende os municípios de Adamantina, Dracena, Presidente Prudente, Parapuã, Assis, Bauru, Jaú, Marília e Ourinhos, entre outros, emitiram um decreto emergencial devido à seca severa e altas temperaturas que ocorreram na safra atual. O documento aponta cerca de 70% de redução da produção na região e ainda a falta de condições para exportação devido a qualidade inferior do produto.“A seca causou vários danos e desemprego para o setor. O prejuízo financeiro foi afetado pela queda nas exportações por conta da qualidade do produto, que foi afetada. Com esta quebra, os cooperados não conseguem quitar as contas”, disse o diretor da Cooperativa Agropecuária de Parapuã, a Cooperativa Casul, Júlio Carlos de Arruda.O presidente da Câmara Setorial do Amendoim, José Rossato, estima que a redução do Valor Bruto da Produção (VBP) possa chegar a 50%, em torno de R$ 1,7 bilhão, e há uma necessidade emergencial na compra de insumos. “As agroindústrias, cerealistas e cooperativas, com menor volume de matéria-prima disponível, têm o desafio adicional de enquadramento do amendoim nos padrões de qualidade exigidos para acessar o consumidor, no mercado interno e externo”, destacou o presidente.Para atender as demandas primordiais do setor, o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, acompanhado do secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, se reuniram, no mês de abril, no Palácio dos Bandeirantes, com os representantes da cadeia produtiva do amendoim.“Fomos muito bem acolhidos dada a ciência do momento delicado do setor, bem como apresentado pleito, com propostas que podem atenuar a crise atual da cadeia produtiva. Temos a expectativa de construir um plano para mitigar o impacto no setor produtivo, em nosso estado de SP”, frisou o presidente da Câmara Setorial do Amendoim, José Rossato.:: Cenário do Mercado Interno e Externo do AmendoimVale destacar que São Paulo é o maior produtor nacional, responsável por 90% da produção do país e o principal exportador da leguminosa. Sendo que as principais regiões produtoras são, respectivamente, os municípios de Tupã (13,6%), Marília (12,7%) e Jaboticabal (12,2%).O produto é exportado, principalmente, na forma de óleo e de grãos descascados. Tendo como principais destinos concentrados em três países que responderam por 61% das exportações: Rússia (28,31%), Argélia (23,59%) e Holanda com (9,56%) para o grão e China e Itália para o Óleo.No mercado chinês, por exemplo, o óleo de amendoim é considerado uma iguaria, pelo sabor, pureza e propriedades nutricionais. Segundo estudo realizado pelo IEA, em 2023, as exportações de amendoim descascado registraram alta e mantiveram o cenário de expansão construído nos últimos anos. Quando comparados ao ano de 2022, os resultados apontam incremento de 4,28% nos volumes exportados e de 33,40% para os valores, contabilizando 297 mil toneladas exportadas que somaram US$443 milhões para o amendoim em grão.“No ano de 2023 a produção paulista de amendoim quando comparada ao ano anterior registrou incremento na área plantada e na produção. As boas condições da safra permitiram o aumento das exportações, especialmente, do grão, um importante canal de comercialização do amendoim”, destacou Renata Martins Sampaio.
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