22/01/2024 às 11:50

Nova previsão de safra deve confirmar quebra de 10% na produção de soja paranaense

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Perspectivas da Safra 2023/2024 foi tema do evento online realizado na manhã da última quinta-feira (18), por iniciativa do Sistema Ocepar. Com as condições climáticas adversas, agravadas a partir de meados de dezembro, a previsão é de uma quebra maior do que havia sido prevista especialmente nas lavouras de soja, milho e feijão no Paraná.

A programação foi aberta pelo presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, que destacou a importância de, nesse momento, trazer as avaliações da safra. “É uma oportunidade para analisarmos as projeções da Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] e do Deral [Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura do Paraná] sobre o desempenho das lavouras e os impactos no mercado”, disse Ricken.

A live contou com a participação do secretário nacional de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, que assumiu o cargo no final de dezembro. Ele disse que inicia o trabalho com o desafio de promover o diálogo com o setor produtivo. “Vamos trazer de volta o setor para dentro do ministério e dar a estatura política que esta secretaria merece”, declarou. O antecessor de Geller na pasta, Wilson Vaz de Araújo, que continua atuando na secretaria, também participou do evento, que teve ainda a presença do deputado federal Sergio Souza e do secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara.

“Estamos em alto risco. O desenvolvimento das lavouras vinha bem até 15 de dezembro. A partir daí desandou, com estiagem e altas temperaturas. Na próxima quinta-feira (25), vamos divulgar uma nova redução consistente da safra, especialmente da soja”, disse Ortigara. Segundo ele, o quadro no campo é de “absoluto estresse das plantas, com folhas esturricadas que vão trazer pouca carga”, apontou.

O diretor do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura do Paraná, Marcelo Garrido, apresentou os dados do último relatório relativo à colheita da safra, divulgado na última terça-feira (16). A soja estava com 7% da área colhida, o milho com 5% e o feijão da primeira safra, com 70% já colhidos. “De toda a soja que está a campo para ser colhida, cerca de 36% apresentam desenvolvimento ruim, com quebras já consolidadas. Dia 25 teremos uma reavaliação com números menores na maior parte das lavouras”, disse. Segundo ele, a nova previsão de safra deve confirmar uma quebra de 10% na produção de soja, reduzindo de 22 milhões de toneladas (previsão inicial) para 20 milhões de toneladas. De acordo com o técnico, haverá quebras também nas lavouras de milho e feijão.

O meteorologista Luiz Renato Lazinski, que atuou por 30 anos no Instituto Nacional de Meteorologista (Inmet) e hoje presta consultoria na área, participou da webinar falando sobre as tendências climáticas. Ele lembrou que desde o início da safra o clima foi desfavorável. “O fenômeno El Nino provocou chuvas intensas. Em outubro chegou a chover entre 600 e 700 milímetros em algumas regiões, cerca de quatro vezes mais que o normal para essa época do ano. Isso atrapalhou o início do plantio da safra de verão e a colheita do trigo, que perdeu qualidade”, relatou. A partir de meados de dezembro foi a falta de chuva que atrapalhou o desenvolvimento das plantas”, informou.

Segundo o meteorologista, de acordo com as previsões do Inmet, deve chover bem em fevereiro e março. Em abril, as chuvas serão mais distribuídas, chovendo dentro do esperado, com condições adequadas para o início do plantio do milho safrinha. A partir de maio, as chuvas diminuem devido ao fenômeno La Niña. E a chance de ter geada cedo no PR é pouca este ano.

Outra preocupação, segundo Lazinski, é a baixa umidade do solo na região Sul do país. “Deveríamos estar com 100% de umidade porque janeiro tradicionalmente é um mês que chove muito, mas estamos com cerca de 60% a 70%. Na região Centro-Sul está um pouco melhor, com 80%. Teria que chover bem mais em janeiro para repor a umidade do solo”, disse o meteorologista, explicando que esta situação pode prejudicar o plantio da próxima safra.
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