12/03/2025 às 08:30

Pesquisa aprimora fungo para controle biológico de pragas com edição genética

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Um estudo conduzido por cientistas brasileiros e americanos demonstrou que o fungo Beauveria bassiana, utilizado no controle de pragas agrícolas, pode se tornar ainda mais eficiente por meio da edição genética de alta precisão com a tecnologia CRISPR-Cas9. A modificação do gene Bbsmr1 aumentou a capacidade letal do fungo contra insetos, abrindo caminho para bioinseticidas mais eficazes e sustentáveis.

De acordo com Gabriel Mascarin, da Embrapa Meio Ambiente (SP), a versão inicial do fungo modificado ainda é transgênica, pois contém um gene de resistência à geneticina. No entanto, pesquisas futuras buscarão realizar a edição genética sem a introdução de DNA exógeno, permitindo que os fungos editados sejam classificados como não transgênicos, facilitando sua regulamentação e liberação como bioinseticidas no Brasil.

Os testes compararam dois tipos de estruturas do fungo:

Blastosporos, que são células semelhantes a leveduras, com alta eficiência no controle de insetos; e Conídios aéreos, forma utilizada na maioria dos micopesticidas comerciais.

Os resultados indicaram que os blastosporos foram 3,3 vezes mais letais e 22% mais rápidos em eliminar insetos em comparação aos conídios. Em cinco dias, essa estrutura atingiu 97% de mortalidade em larvas da traça-da-cera, contra 29,4% dos conídios.

Além disso, a produção de blastosporos ocorre em dois a três dias em cultivo líquido submerso, enquanto os conídios exigem mais de dez dias em cultivo sólido, tornando-os mais viáveis para produção em larga escala.

A edição do gene Bbsmr1 levou a um aumento na letalidade do fungo. Os mutantes:

  • Mataram 50% dos insetos em apenas três dias, mesmo em concentrações reduzidas.

  • Germinaram mais rapidamente na cutícula dos insetos e se proliferaram na hemolinfa.

  • Produziram oosporina, substância que compromete o sistema imunológico do hospedeiro e acelera sua morte.


Além de sua ação contra pragas, a oosporina também apresenta propriedades antifúngicas e antibacterianas, podendo atuar contra doenças agrícolas como murcha-de-fusarium, mal-do-Panamá e fusariose do trigo e milho.

A precisão da tecnologia CRISPR-Cas9 garantiu que não ocorressem mutações indesejadas, aumentando a segurança da técnica. Contudo, alguns mutantes apresentaram menor resistência a estresses químicos e menor produção de conídios. Os cientistas acreditam ser possível selecionar linhagens sem esses efeitos colaterais, mantendo os benefícios da tecnologia, visto que a técnica permite gerar vários mutantes.
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