Uma pesquisa inédita do Instituto Agronômico (IAC) registrou pela primeira vez a transmissão da bactéria causadora da escaldadura das folhas da cana-de-açúcar pela cigarrinha-das-raízes. A bactéria Xanthomonas albilineans é transmitida pelo inseto vetor, que carrega a bactéria e a transfere para plantas sadias, causando a principal doença bacteriana da cultura da cana, que não possui controle efetivo e é frequentemente assintomática.

Essa descoberta abre novas possibilidades para o controle da doença. Segundo a pesquisadora Silvana Creste, uma das soluções pode ser o desenvolvimento de variedades de cana resistentes à cigarrinha-das-raízes. A doença ataca principalmente os vasos de xilema das plantas, dificultando a absorção de água e nutrientes, o que resulta em baixa germinação, queda de produtividade e diminuição da longevidade dos canaviais.

Os próximos passos da pesquisa incluem avaliar se outras espécies de cigarrinhas também podem hospedar a bactéria e desenvolver novas estratégias de manejo. Atualmente, o controle se baseia no uso de mudas sadias e na desinfecção de instrumentos de corte. Entretanto, com essa nova descoberta, será possível explorar estratégias mais eficazes para evitar ou minimizar os danos da escaldadura.

A tecnologia INVICTA IAC, desenvolvida anteriormente pela equipe do IAC, foi crucial para essa descoberta. Essa tecnologia permite a produção de mudas certificadas quanto à sanidade e identidade genética, sendo um marco no controle de doenças bacterianas transmitidas por mudas.

A pesquisa foi publicada no Journal of Insect Science e financiada pela FAPESP e pela FUNDAG, com a expectativa de abrir novas discussões sobre o manejo da escaldadura nos viveiros e canaviais.