25/02/2025 às 16:08
Pesquisadores brasileiros identificam mecanismos de defesa contra a cigarrinha-das-pastagens em gramínea nativa
Compartilhar
Uma pesquisa brasileira identificou que a forrageira Paspalum regnellii possui defesa natural contra a cigarrinha-das-pastagens (Mahanarva spectabilis). A planta foi a protagonista no artigo "Elucidando Respostas Moleculares ao Ataque da Cigarrinha em Paspalum regnelli", publicado na revista internacional Plant Molecular Biology Reporter.Segundo uma das autoras, Bianca Vigna, da Embrapa Pecuária Sudeste, já é de conhecimento que existem plantas que resistem a cigarrinhas-das-pastagens tradicionais, mas desse outro gênero, ainda é comum infestar gramíneas de grande porte, como milho e cana-de-açúcar, e se tornou uma praga nos últimos anos.“A cigarrinha é um dos principais desafios para a produção de pastagens, e compreender como as plantas reagem a esse tipo de ataque pode ser a chave para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes”, explica Bianca.A pesquisa abordou métodos de sobrevivência de ninfas do animal através da análise transcriptomatica de raízes de plantas infestadas pelo inseto e da anatomia radicular para compreender as estratégias defensivas da planta envolvida em relação ao inseto.Os resultados da pesquisa apontam que o genótipo BGP 344 responde rapidamente, com maior taxa de mortalidade das ninfas logo nos primeiros 21 dias de ataque. Este genótipo apresentou maior lignificação das raízes, criando barreiras físicas que dificultam a alimentação dos insetos, além de ativar vias metabólicas ligadas à produção de compostos defensivos.Já o BGP 248, apesar de também ser resistente, apresentou uma resposta mais lenta, o que, segundo os autores, sugere diferentes estratégias defensivas entre os dois materiais. Agora, a pesquisa vai nortear novas estratégias para o melhoramento genético que tragam benefícios ao meio ambiente.O controle biológico dessas pragas favorece as espécies nativas, que além de resistência, oferecem alta produção de biomassa e valor forrageiro. O estudo, desenvolvido no mestrado de Isabela Begnami, foi financiado pela Embrapa, Capes, CNPq, Fapesp e Unipasto.Também participaram da pesquisa Bianca Vigna, Marcos Gusmão, Frederico Matta, Wilson Malagó Júnior, da Embrapa Pecuária Sudeste; Alexandre Aono, Diego Graciano, Sandra Carmello-Guerreiro, Anete de Souza e Rebeca Ferreira, da Unicamp.Os resultados auxiliam no aprimoramento da seleção de características moleculares e anatômicas para criar cultivares resistentes e aprimorar a edição genética em espécies suscetíveis, como as braquiárias.
Compartilhar