27/11/2024 às 14:16
Projeto busca calcular a pegada de carbono da cotonicultura brasileira
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A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Bayer, lançou um projeto pioneiro para desenvolver perfis ambientais e calcular as pegadas de carbono do algodão em caroço, pluma e óleo, abrangendo as principais regiões produtoras do Brasil.A iniciativa foi apresentada durante o Carbon Science Talks, que ocorreu nesta terça-feira (26), em Campinas, no interior de São Paulo.Com duração de 24 meses, o projeto busca estabelecer uma referência nacional, e parâmetros regionais para diferentes modelos de produção para a pegada de carbono do algodão brasileiro, utilizando dados primários de cotonicultores e metodologias reconhecidas internacionalmente, como a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV).A caracterização dos sistemas de extração de óleo de algodão típicos, com seus parâmetros técnicos, suas emissões e representatividade para as principais regiões brasileiras também farão parte do trabalho e serão referências para a atualização da calculadora para o RenovaBio.Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa, destacou a relevância da iniciativa. “Essa parceria reforça o compromisso do setor algodoeiro com a sustentabilidade e a eficiência produtiva, além de posicioná-lo como uma referência global em práticas agrícolas responsáveis”, comentou.De acordo com dados da entidade, a produção estimada para a safra 2023/24 é de 8.890.058 toneladas de algodão em caroço, 3.680.309 toneladas de algodão em pluma e 4.720.310 toneladas de caroço de algodão.Os primeiros cálculos utilizando a ferramenta Footprint PRO Carbono realizados com produtores do Mato Grosso, indicaram uma pegada de carbono média de 329 kg CO₂ eq/t (quilogramas de dióxido de carbono equivalente por tonelada de algodão), com possibilidade de redução de até 32% em áreas específicas.Além disso, o projeto prevê o detalhamento de perfis ambientais do algodão para diferentes produtos e regiões, começando pelos estados da Bahia e Goiás.Segundo Alessandra Zanotto, vice-presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), que assumirá a associação no próximo mandato, “o algodão, devido às características da cultura, faz com que os produtores saiam na frente, com relação à inovação, e esse projeto, oriundo da parceria, é inovador porque é simples.”Alessandra comentou que reduzir a emissão de carbono contribui para a desaceleração do aquecimento global, preservação dos ecossistemas locais, ajuda a prevenir eventos climáticos extremos e a preservação da biodiversidade, beneficiando, não somente, os produtores, mas, principalmente, os consumidores e o meio ambiente.Para Marília Folegatti, pesquisadora sênior da Embrapa Meio Ambiente, a expectativa de impacto da iniciativa é grande. “A cadeia produtiva do algodão brasileiro faz um grande investimento em ações para a sustentabilidade que não são devidamente comunicadas. Esse projeto permitirá que se conheça a pegada de carbono do algodão brasileiro, o que já é uma exigência em vários mercados”, analisou.
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