07/10/2024 às 12:30
Rainha da Dinamarca conhece tecnologias da Embrapa Cerrados para produção sustentável de alimentos
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A rainha Mary da Dinamarca visitou a Embrapa Cerrados na última sexta-feira (4), na companhia do ministro dinamarquês do Clima, Energia e Serviços Públicos, Lars Aagaard. À rainha foram apresentadas tecnologias da Embrapa Cerrados que permitem o estabelecimento de uma agricultura mais sustentável.O foco da visita é fortalecer a cooperação entre os dois países e aprofundar o relacionamento em sustentabilidade, biodiversidade e clima, temas comuns e prioritários para o Brasil e a Dinamarca.Juntamente com a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o chefe-geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, a rainha plantou um ipê-amarelo, árvore de ocorrência no Cerrado brasileiro e marcante na paisagem de Brasília, para simbolizar esses interesses comuns.“É uma linda árvore que eu espero que floresça aqui, como um capítulo da empresa [Embrapa] que está criando diferentes pesquisas e um novo conhecimento, olhando para a natureza como solução para um dos maiores desafios que o mundo está enfrentando, a crise climática”, afirmou Mary.Sebastião Pedro confirmou a intenção da Embrapa a partir desse ato: “Esta planta aqui, que logo florescerá, nos lembrará constantemente, ao longo das próximas décadas, dos compromissos que assumimos para a construção de uma agricultura mais sustentável, capaz de conciliar nossas demandas alimentares e energéticas atuais, ao mesmo tempo em que deixa, como legado, um futuro no qual ainda seja possível a vida, com qualidade, de todas as espécies, incluindo a nossa”.Para a presidente da Embrapa, essa foi uma grande oportunidade para mostrar à comitiva dinamarquesa que o Brasil tem desenvolvido tecnologias para uma agricultura tropical sustentável: “Aqui, nessa área de ILPF [Integração Lavoura-Pecuária-Floresta], podemos mostrar como estamos avançando cada vez mais para aumentar nossa produção e produtividade e, ao mesmo tempo, preservar os recursos naturais.Massruhá lembrou que um dos desafios da Embrapa é garantir a segurança alimentar do Brasil com base em práticas sustentáveis e ajudar o mundo na missão de alimentar a população mundial, que deverá chegar a 9 bilhões de habitantes em 2050, segundo projeção das Organizações das Nações Unidas (ONU).Tecnologias com foco na sustentabilidadeA Bioanálise do Solo (BioAS) foi a primeira tecnologia apresentada à rainha dinamarquesa. Inovadora, ela agrega o componente biológico às análises de solo já realizadas pelos produtores rurais. O Brasil é o primeiro país do mundo onde o agricultor, ao enviar uma amostra do solo para o laboratório, pode saber, além das informações das características químicas, como está o funcionamento biológico do solo. “A BioAS é como um exame de sangue do solo. Com os resultados, o produtor pode identificar problemas de saúde que ainda não apresentaram sintomas”, explicou a pesquisadora Ieda Mendes.Solos saudáveis são mais produtivos e permitem que as lavouras sejam mais resilientes a eventos climáticos como veranicos. Além disso, são mais eficientes no uso de adubos e de defensivos agrícolas e produzem grãos com melhor qualidade nutricional. Lançada em 2020, já foram realizadas mais de 42 mil análises em todas as regiões do Brasil, compondo um banco de dados inédito e essencial para entender a saúde dos solos brasileiros.Na Vitrine de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, o pesquisador Roberto Guimarães informou à comitiva sobre a tecnologia que permite combinar diferentes cultivos em uma mesma área. Essa estratégia de produção permite que o Brasil duplique a produção de grãos e de carne sem desmatar novas áreas para produção, já que o produtor pode ter três ou mais colheitas em uma única safra, por exemplo, grãos da safra principal e da safrinha, pasto para produção de carne ou leite e frutas ou madeira das árvores.Hoje, no Brasil, mais de 17 milhões de hectares têm produção em sistemas integrados. Apesar de parecer pouco, essa área corresponde praticamente aos territórios de Portugal e da Suíça juntos. Os benefícios desses sistemas já são comprovados pela pesquisa. Uma pastagem com baixa produtividade sequestra 182 quilos de carbono, enquanto áreas que adotam a Integração Lavoura-Pecuária juntamente com o plantio direto sequestram 1.273 quilos do gás, ou seja, um resultado sete vezes maior.Para entender, tanto a importância de cada espécie implantada no sistema como da saúde dos solos, o pesquisador convidou a rainha para descer em uma trincheira implantada na área. Lá, é possível observar a profundidade que as raízes do capim braquiária atingem, aumentando a infiltração de água no solo e a ciclagem de nutrientes, além do sequestro de carbono. “A rainha ficou tão impressionada com a braquiária, com tantos serviços que ela presta, como servir de alimento para os animais, fornecer palhada para o plantio direto, melhorar a qualidade do solo…, que ela perguntou se a braquiária se adaptaria à Dinamarca”, contou Guimarães.Já o ministro do Clima demonstrou interesse pelo consórcio de culturas. “Ele nos contou que existem algumas iniciativas nesse sentido na Dinamarca, para reduzir o uso de fertilizantes e produzir com mais sustentabilidade, mas nada comparado ao que viram aqui hoje”, completou.:: Parceria e cooperação para o meio ambiente“Esse encontro está sendo muito importante porque sabemos que para mudar e lograr os desafios que temos, em termos de clima e biodiversidade, precisamos trabalhar também com a agricultura. Nós estamos aqui vendo o trabalho revolucionário que está sendo feito aqui na Embrapa Cerrados. É muito inspirador. A partir dessa conversa mais estreita, vamos poder ampliar as oportunidades, tanto para a Dinamarca quanto para o Brasil”, afirmou Eva Pedersen, embaixadora da Dinamarca no Brasil.A embaixadora informou que seu país assinou um acordo com o Brasil na área de agricultura, envolvendo tecnologia e sustentabilidade. Pedersen disse ainda que o ministro do Clima ficou interessado em uma cooperação com foco na tecnologia de plantio direto.Para Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), explicou que já existe uma série de acordos com a Dinamarca e esse, assinado durante a visita da rainha, movimentará ainda mais o caminho de cooperação entre os dois países. “O Brasil está estabelecendo boas relações diplomáticas e, naturalmente, esse é mais um caminho que pavimentamos, nesse caso, com a Dinamarca, importante sócio comercial e referência no mundo para vários temas”, informou.Segundo a presidente da Embrapa, o Brasil ganha ainda mais destaque na pauta ambiental por exercer a presidência do G20 em 2024. Neste ano, a Embrapa Cerrados tem recebido uma quantidade expressiva de visitantes internacionais. A visita da rainha foi a 24ª e já estão agendadas mais duas delegações para este mês. “O mundo está mantendo o foco no Brasil. Além dos encontros do G20, vamos sediar a COP 30, em 2025. A Embrapa Cerrados tem o compromisso de desenvolver tecnologias para uma agricultura mais sustentável e estamos disponíveis para apresentá-las às delegações que vierem a Brasília”, afirmou o articulador internacional da Embrapa Cerrados, Fernando Rocha.
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