05/07/2024 às 15:15
Rica em potássio, alga Kappaphycus alvarezzi pode ser aplicada como bioestimulante na agricultura
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Alternativa para reduzir a dependência do Brasil na importação de fertilizantes, a produção da alga Kappaphycus alvarezzi pode ganhar um impulso a partir desta semana.A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado promoveu uma audiência pública na quarta-feira (3) para discutir os diversos usos da macroalga e se movimenta para destinar uma emenda para financiar pesquisas sobre o tema.Originária da Ásia, a Kappaphycus é cultivada no Brasil desde a década de 1990, porém em escala e com aplicações ainda restritas. Atualmente, o Ibama autoriza sua exploração no litoral de Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo.Durante o debate, pesquisadores apresentaram uma série de pesquisas sobre o potencial da alga, que vão desde a produção de bioestimulantes (uma alternativa a defensivos) até a produção de cosméticos e medicamentos.A audiência atendeu a pedido do senador Jorge Seif (PL-SC), que prometeu conversar com outros senadores da CRA para destinar uma emenda para pesquisas na área e ajudar no crescimento da produção."Temos um rol de universidades e institutos fazendo pesquisas sérias. Hoje, essas pesquisas custam de R$ 12 a 13 milhões. Eu gostaria de pedir esforços dos senadores da CRA para uma emenda da comissão para que esses recursos sejam passados para financiar pesquisas. O Brasil tem muito a ganhar. Sabemos que 10,11,15 milhões é um valor irrisório para o tanto que essa macroalga tem de potencial", argumentou Seif .De acordo com David Campos, pesquisador da Embrapa Solos, a Kappaphycus é acumuladora de potássio, material amplamente utilizado na fertilização do solo por agricultores brasileiros, mas do qual o país é dependente. Hoje, o Brasil importa 97% do cloreto de potássio que utiliza no setor."A gente precisa desenvolver projetos para o aproveitamento desse potássio que vem do mar. Nossas propostas estão alinhadas ao Plano Nacional de Fertilizantes", disse o pesquisador.A facilidade de cultivo é uma das vantagens segundo os participantes. Essas algas criadas em “fazendas marinhas” se reproduzem rapidamente e podem ter seu tamanho ampliado em até 10% a cada dia. Atualmente, alguns agricultores brasileiros já utilizam o insumo em suas plantações, mas parte do que é usado vem de fora do país."De uma tonelada da biomassa da alga podem ser extraídos até 800 litros de suco estimulante para uso agrícola ou pecuário. E 1 litro é vendido a R$ 180 no comércio agrícola. O pessoal do Vale do São Francisco usa extrato de alga importado para produzir uva. Cada 3 litros aumentam 4 toneladas de uva por hectare. Quando aplica na manga, aumenta 9", disse o Maulori Cabral, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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